sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Com o fim do tempo das vacas magras e terminada a longa travessia do deserto; ultrapassado o verão quente e as dissidências que o originaram; recuperados do choque que foi saber da doença (viria a ser fatal) que afectava o Grande Pedroto; o F.C.Porto já sobre a liderança presidencial de J.N.Pinto da Costa, atirou-se à época de 1984/1985 com a vontade de recuperar o título que lhe fugia desde 1978/1979. Também, com a firme vontade de consolidar o prestígio europeu adquirido com a fantástica performance que nos levou à final de Basileia, frente à Juventus.
Com um plantel de grandes jogadores - apesar da traição de J.Pacheco e Sousa -, em que pontificavam entre outros: Zé Beto, J.Pinto, L.Pereira, Eurico, Inácio, J.Magalhães, Frasco, Gomes, Futre, Vermelhinho, Semedo, E.Luís, M.Walsh, Quinito, Jacques e Mito; com as aquisições: Borota, Ademar, André, Quim e principalmente Paulo Futre, que, numa jogada de mestre, foi retirado ao Sporting como resposta à fuga de Pacheco e Sousa para Alvalade; sobre o comando de um treinador, A.Jorge, a quem o mestre augurava grande futuro; e com apoio firme de um Presidente sempre presente e que pensava pela sua cabeça, como é exemplo o facto de manter aquele que viria a ser o Rei Artur, apesar da contestação de alguns, que não perdoavam as ideias de esquerda de A.Jorge, o F.C.Porto arrancou para aquela que na minha opinião, em termos de vitórias/exibições, só encontrou paralelo na época da conquista da taça UEFA com Mourinho.
As coisas nem começaram bem: na 2ª jornada perdemos no Bessa com o Boavista e na taça das Taças fomos eliminados na 1ª eliminatória pelos galeses do Wrexham que jogavam na 4ª divisão inglesa - derrota por 1-0 fora e vitória 4-3 nas Antas com a equipa do Reino-Unido a passar pelos golos marcados fora de casa, mas depois meus amigos a máquina começou a carburar em pleno e foi só isto: em 30 jogos - 26 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 78 golos marcados e apenas 13 sofridos. Campeonato ganho com 55 pontos contra 47 do Sporting, orientado por John Toschak.
Nessa época extraordinária, o F.C.Porto jogava em Lisboa contra o Sporting ou contra o Benfica, com uma enorme multidão a apoiá-lo, parecia que estava a jogar em casa, jogos houve, que estavam quase tantos portistas como benfiquistas ou sportinguistas!... impressionante! Com as partidas a serem ao domingo à tarde eram às centenas os autocarros cheios de Dragões que invadiam Lisboa. Até arrepiava, fazia pele de galinha, quando parados nas portagens da A1 - ainda não ligava as duas cidades -, víamos as filas, de quilómetros, de autocarros cheios de fervor clubista.
Em 1984/1985 o grande rival foi a equipa leonina e o Sporting-Porto, a várias jornadas do fim, em caso de vitória portista, decidia o título... não ganhamos, ficou 0-0, mas fizemos uma exibição que convenceu os mais ferrenhos sportinguistas. Três bolas nos ferros e uma exibição de grande qualidade de V.Damas, evitaram que fizéssemos a festa em Lisboa. Aconteceu passados oito dias na nossa casa, com uns claros 5-1 ao Belenenses...
Notas finais: na Taça das Taças o guarda-redes foi Borota, que substituiu o castigado Zé Beto; nas Antas em dia de grande temporal, o guardião que veio do Boavista, "mamou" três autênticos perus.
Também perdemos na final da Taça, contra o Benfica de Pal Csernai, por 3-1. Curiosa a desculpa de A.Jorge: "Passamos demasiado tempo nas festas do título e chegamos muito cansados à final."
Ah, nessa época a qualidade do jogo era de tal maneira apelativa que um F.C.Porto-Portimonense, na Póvoa, por interdição das Antas, teve de ser adiado porque o público era tanto que invadiu o relvado e não foi possível realizar o jogo. Em jogos de campeonato, foi nessa também nessa época que vi a maior goleada: 9-1 ao Vizela.
Termino dizendo o seguinte: este vasculhar no baú das recordações não significa nostalgia, nem saudosismo. O nosso passado recente é glorioso, o nosso presente é bonito, o nosso futuro é risonho!
Que no domingo, os profissionais do F.C.Porto sejam capazes de corresponder e dar mais um passo, quiçá decisivo, para a conquista do tri.