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segunda-feira, 20 de maio de 2013


Porque os balanços fazem-se no fim, obviamente, sem deixar que a euforia nos tire o discernimento e partindo de um princípio que nem sempre tudo está bem, só porque acabou bem. A pior coisa que podemos fazer e refiro-me à estrutura que dirige o F.C.Porto, é pensar que para a próxima época, tal como aconteceu nesta que ontem terminou, com mais ou menos dificuldades, voltaremos ganhar. Não podemos pensar assim e mesmo não acreditando que quem dirige o F.C.Porto pense assim, deixo algumas reflexões sobre erros cometidos e que gostaria de não ver repetidos.

Primeiro, temos de deixar de ser um clube silencioso, que só reage em desespero e voltar a ser um clube atento, guerreiro, de luta e combate. Foi assim que chegamos até aqui, é essa alma que se foi perdendo, que temos de recuperar. Não pode, nem deve ser apenas o treinador na antevisão ou após os jogos, a falar. Pior ainda se o treinador não for um grande comunicador e as mensagens não saírem com a clareza pretendida. Tem de haver alguém a chegar-se à frente.

Segundo, temos de criar dinâmicas diferentes de motivação, galvanização e mobilização que levem mais gente ao Dragão, apesar da crise profunda que atinge Portugal e em particular, o Norte do país. É preciso mais proximidade com os sócios que não pertencem às casas do F.C.Porto e às claques. Um clube de sucesso, dominador e com tantos títulos, apesar de tudo que referi, não pode perder público nos jogos em casa.

Terceiro, mesmo compreendendo que só existe um plantel; que a equipa B serve de viveiro à A; e que não somos um clube rico, portanto, um clube que pode ter dois jogadores de valor semelhante para cada lugar; e sendo assim, não me chocam algumas adaptações - por exemplo, atrás, Mangala a lateral-esquerdo e Maicon circunstancialmente a lateral-direito; há lugares específicos onde não pode haver facilitismos. Não podemos ter como alternativa a Jackson, Liedson, um jogadores incapaz de jogar mais que 20 ou 30 minutos e que pediu um indemnização por incapacidade de 23%; não podemos ter, numa equipa que faz do seu sistema preferencial o 4x3x3, apenas e para as alas, Varela e os jovens que ainda na época passada estavam no Rio Ave, Kelvin e Atsu. Idem para o meio-campo, onde continuo a pensar, a contratação de Izmaylov não me parece feliz. Se João Moutinho é claramente um jogador à Porto, o russo parece-me claramente um corpo estranho, a antítese do jogador à Porto. Tudo correu e acabou bem, mas tivemos jogos e de grande importância, por exemplo o jogo da Luz, em que o banco era à base de jovens ainda a crescer e sem experiência para confrontos de grande responsabilidade. Isto quando em dois anos consecutivos perdemos Falcao e Hulk, jogadores fundamentais e só o primeiro foi substituído e no segundo ano. Valeu que Jackson chegou, viu e venceu. E se Cha Cha Cha se tem lesionado? Ou não tem rendido tanto, facto perfeitamente natural em quem só agora chegou ao futebol europeu?

Também a equipa B precisa de mudar. Se queremos que a equipa B seja o viveiro onde se abastece a equipa principal, temos de dar uma volta aquilo. Temos de colocar gente que seja exigente, capaz de dizer aqueles jovens o que é o F.C.Porto e que somos um clube que pode não ganhar sempre, mas tem de deixar tudo em campo para ganhar sempre. Como é possível que um jogador de 36 anos, José António, corra mais, tenha mais vontade e determinação que alguns jovens de vinte, vinte e poucos anos? Por outro lado, se compreendo que o sistema, modelo e filosofia da equipa secundária tenha tudo a ver com a equipa principal, tem que haver liberdade para quem dirige, mudar e adaptar a equipa, sistema, modelo, tudo, ao que a ocasião justifica e vi jogos em que fiquei com muitas dúvidas que era assim. Exemplo: F.C.Porto - Freamunde. A perder 2-0 ao intervalo, quando já na segunda-parte Rui Gomes mexeu, tirou um ponta-de-lança e meteu outro, tirou um médio criativo e deixou lá o trinco. Os famosos processos não podem ser cartilhas que têm de se respeitar integralmente.
Tenho respeito e consideração por Rui Gomes, mas acho que para a equipa B é preciso alguém com um perfil mais Porto, naquilo que isso significa: alguém que junte competência que Rui Gomes tem, mística e até alguma rebeldia saudável que Rui Gomes não me parece ter.

Meus amigos, quando falo na estrutura, falo do Presidente, da Administração da SAD e do CEO, Antero Henrique, Antero que durante o período mais difícil da época esteve no centro do furacão e até o estado do relvado serviu de arma de arremesso contra ele. Disse neste post que algumas críticas eram injustas, precipitadas, desajustadas. Agora que terminou a época, aponto aquilo que me parece que esteve menos bem e deixo em aberto a possibilidade de discussão e outras críticas que julguem necessárias. Com fundamento, objectividade e de forma construtiva. Pois, como se provou com a conquista do título, não somos um clube de 8 ou 80. Não estava tudo mal, como a conquista do tri não significa que está tudo bem.

Há sinais, Ricardo e Tiago Rodrigues já estão contratados, que as coisas estão a mudar. Embora e já bati nessa tecla, se não mais veremos plantéis maioritariamente compostos por portugueses, em igualdade de circunstâncias, o que é nacional é bom. E a propósito, Josué, jogador do Paços e da nossa formação, agora que parece mais calmo e mais consciente das suas responsabilidades profissionais, para mim seria uma hipótese a ter em conta. Há ali um talento e uma rebeldia que bem "trabalhada", pode dar bons frutos.

Se tiver possibilidades, amanhã falo de Vítor Pereira e darei a minha opinião sobre o que foi feito de bem e de mal e o que acho melhor para o futuro do F.C.Porto.

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