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terça-feira, 27 de maio de 2014


Maio ainda não chegou ao fim, o mercado de transferências vai até 31 de Agosto - início de Setembro em alguns países -, mas já foram dados como pretendidos ou a caminho do F.C.Porto os seguintes jogadores:
Suso, Camacho, Raúl Jiménez, Enner Valencia, Guido Carrilho, Illarramendi, Moreno, Carbonero, Quincy Promes, Albarnoz, Michy Batshuayi, Abdelaziz Barrada e Igor Lichnovsky, já para não falar em Manuel Fernandes que a Wikipédia coloca no F.C.Porto - quem somos nós para contrariar a Wikipédia? - e penso que me escapam mais alguns... Acho que vai dar recorde mundial.

Como já disse aqui, não vou andar sempre a dizer mesma coisa cada vez que sai um R&C da Sad do F.C.Porto, sejam eles positivos ou negativos. Aliás, nesse post o meu amigo RPA na sua análise ao primeiro semestre, previa que o do terceiro semestre seria igualmente negativo. Também já disse várias vezes o que penso sobre o modelo de gestão, a última das quais aqui. Mesmo assim pedi novamente ao RPA que analisasse o R&C e dissesse o que pensa, tendo ele dito o seguinte:
«Não há muito mais a acrescentar ao que foi comentado em relação às contas do 1º Semestre.
A venda do Otamendi não é contabilisticamente muito significativa. 
As receitas da UEFA foram, neste último Trimestre, evidentemente reduzidas.
De realçar algum acréscimo nas receitas de Publicidade / Sponsorização, Direitos TV e Merchandising.
As Amortizações (Custo de aquisição do quadro de atletas) decresceram um pouco... fundamentalmente devido às saídas de Otamendi e Lucho.
Mas, como se previa, confirma-se que o prejuízo acumulado do exercício em curso aumentou com o decorrer do 3º Trimestre.
Os Custos Operacionais suplantam os Proveitos Operacionais.
É chegada agora a hora da verdade: o 4º e último Trimestre. 
Ou até 30 de Junho acontecem as vendas (uma das vertentes da nossa gestão) e o resultado negativo será, dependendo de que saídas acontecerão e seus respectivos valores, esbatido; ou, se estas forem posteriores a 1 de Julho, apresentaremos prejuízo no exercício desta época.
É evidente que elas acontecerão.
Fernando, Mangala, Jackson, Alex ou Danilo estão na “linha de tiro”.
Veremos o que acontecerá nas próximas semanas.
(Como curiosidade: renovamos contrato com o Walter até 2017, sendo que vendemos 25% do seu passe ao Fluminense por 2,125ME, a quem também emprestamos até 31/12/2015)»
 
Nota final:
Portanto e concluindo, as coisas não estão fáceis para o F.C.Porto, como não estão fáceis para nenhum clube, com excepção daqueles onde o dinheiro abunda e que nós conhecemos bem. Confio que encontraremos, mesmo em tempos de crise, soluções para que não tenhamos problemas com o fair-play financeiro e possamos ter na próxima época um plantel e uma equipa à altura das responsabilidades e dos pergaminhos do F.C.Porto.
Gerir em tempos de vacas gordas é fácil, até eu que nunca geri um clube de bairro, sou capaz. Em tempos difíceis é só para os melhores e nós temos um histórico que nos recomenda nessa matéria. Aguardemos com confiança o que nos reserva a temporada 2014/2015.
Quem quiser falar do assunto, está à vontade, mas já sabem o que a casa gasta. Análises com objectividade, construtivas e com soluções alternativas. Bolas fora... é tempo perdido.

Pergunta:
Porque não foi Nuno Espírito Santo para o S.C.Braga?

Ontem Gelsenkirchen 2004, hoje Viena 1987. Também aqui. Tudo a cores e com o pormenor das traves das balizas serem redondinhas...
 
Como o meu amigo Adriano Freire viveu Viena 1987:
«27 de maio de 1987
Na altura, a caminho dos 17 anos, vivia na Rua Nova do Corim, local onde as primeiras grandes vitórias do Futebol Clube do Porto – o título 19 anos depois, a final de Basileia, a grande equipa de Artur Jorge,… -, eram vividas de forma intensa, com uma paixão que me levou a mim e aos meus companheiros de clube a manifestações de felicidade extrema, momentos que nunca se apagarão esteja a memória com mais ou menos capacidade. Acompanhava o meu Futebol Clube do Porto ao vivo pela mão do meu Pai, dos meus Tios (o Raul e o Quim), do meu vizinho Américo Cruz e da Família Queiroz com quem vivi as situações mais engraçadas.
A 27 de maio de 1987, o meu Pai foi ver o jogo ao café ao fundo da rua, o na época muito frequentado (ainda não havia shoppings nem McDonald’s, nem Quinta da Caverneira ) Café Pôr do Sol. A minha querida Mãe esteve durante toda a primeira parte a preparar o jantar e outras ocupações domésticas e eu fiquei conforme gosto quando assisto aos jogos via televisão, sozinho com as minhas superstições e outras maluquices que este Amor Azul e Branco me “obriga”. Ao intervalo o meu Pai subiu a rua até casa, o jantar estava na mesa e essa hora era “sagrada”. Pouco se falou e apenas deixei escapar um “fui muito bom ter chegado aqui, eles são ricos e nós…, enfim, se já em Basileira não nos deixaram ganhar…”. E mais não disse. Mas pensei e lamentei. Lamentei que o Jaime Magalhães tivesse dado dois passos atrás na altura que o alemão lançou a bola, e assim, ficasse pelo meio caminho, tocasse na bola ao de leve, colocasse a bola na cabeça de Kogl e deixasse Mly a meio do caminho. Golo de sorte. Poderia estar zero a zero ao intervalo e num qualquer golpe de sorte o David poderia derrotar Golias. Assim, a perder ao intervalo as hipóteses eram muito poucas. Acabou o jantar, o meu Pai regressou ao seu lugar no café, a minha Mãe voltou para as lides domésticas e eu voltei a sentar-me em frente à Grundig a cores que o meu Pai tinha comprado por ter ganho 40 contos numas rifas num Natal anterior. O Porto começou a ganhar terreno, eu comecei a acreditar. Futre pega na bola e finta meia equipa do Bayern, na hora H, nem remata nem passa a bola, e a redonda sai junto ao poste direito de Jean Marie Pfaff (que grande guarda-redes que era o belga), eu desespero. Desespero e sinto tudo amarrado dentro de mim, intestinos, estomago, barriga, as pernas a tremer…, já nem sei o que me dói. Ou melhor, até sei, doí-me o coração, doí-me não ver o meu Porto chegar ao topo do mundo, e há tão pouco tempo para tentar. O relógio anda a uma velocidade louca. Artur Jorge, refém do nosso bi-bota, joga os trunfos que tem, Juary, a nossa arma secreta, e Frasco, por quem comecei a gostar depois de o melhor jogador português que vi jogar ter saído, António Oliveira. Na RTP, Ribeiro Cristóvão, faz o seguinte comentário, “água mole em pedra dura tanto bate até que fura, só no caso do FC Porto é que não”, Juary passa para Frasco, Frasco devolve a Juary, Juary entrega a Madjer, e “óh meu Deus”, de costas para a baliza o argelino marca o golo mais importante da história do Futebol Clube do Porto. Eu grito, choro, salto, venho para o pátio, tou louco, já não controlo as lágrimas. Nem agora as controlo, enquanto escrevo esta prosa tonta, já não consigo evitar o choro. Pausa, fungo o nariz, seco as lágrimas. Continuam a cair. Então aqui vai que falta o segundo golo, e o João Pinto, e os alemães. Regresso à sala e à Grundig, Madjer está no chão a ser assistido, e outra vez Ribeiro Cristóvão, “Madjer está limitado fisicamente, mas regressa ao jogo até porque o Porto já fez as duas substituições”, Eduardo Luís ou Celso, faz um passe longo para o argelino, e ele que “estava limitado fisicamente”!!!!, dá um nó no defesa direito alemão e cruza a bola para Juary encostar “no fundo do barbante” como gritou Gomes Amaro no Quadrante Norte, o tal do “som global”. Voltei a explodir de alegria, mas rápida, porque agora estamos a ganhar e o importante é que o jogo acabe. De joelhos em frente à televisão rezei a todos os santos, aos que existem, aos que não existiam, prometi que me portaria bem o resto da vida, que não fazia mais asneiras, tudo, eu prometi tudo, só queria que o jogo acabasse, só queria vero meu Porto no topo do mundo, ali junto dos Deuses, junto dos imortais, e eu a ver, eu a sentir essa alegria que ninguém consegue descrever, nem em palavras, nem em desenhos, de forma alguma seria possível explicar tamanha alegria. Hoeness está junto a Mly, o polaco com a sua frieza demora a repor a bola em jogo, o alemão conta os segundos, quer falta, o árbitro não lhe dá o favor. Olho para a televisão, está na hora, acaba, acaba, acaba isso, deixa-me explodir de alegria. O pequeno écran dá um grande plano de Alexis Ponnet, com Sousa ao seu lado, o belga apita três vezes, acabou. O FUTEBOL CLUBE DO PORTO é CAMPEÃO EUROPEU DE CLUBES. Chorei, ri, saltei, gritei, tive mil e uma manifestações de alegria. A maior alegria da minha vida - não confundir alegria com felicidade, porque essa vivo-a todos os dias com a minha bonita Mulher, com os meus dois lindos filhos, Filipe e Tiago, e com os muitos Amigos que tenho.
Até ao último sábado sempre lamentei pelo João Pinto não ter largado a Taça, apenas a cedeu por breves segundos a Madjer, não dando hipótese aos colegas de sentir o metal do que tinham conquistado. No último sábado, quando no final do jogo de andebol, onde nos sagramos Hexa Campeões, vi o João Pinto - campeão europeu, vencedor da Taça Intercontinental, vencedor da Super Taça Europeia, vencedor de inúmeros títulos internos -, sentado no meio do adeptos anónimos chorar pela conquista do andebol, meu caro capitão, tu és como eu, tu sofres da mesma paixão, fizeste muito bem em não ter entregue a Taça a ninguém, ela era nossa, dos corações de uma só cor , “azul e branco”!!!

Felizmente vivi outras grandes conquistas, inclusive estive em Sevilha no jogo louco da primeira Taça UEFA, mas nada se compara a esse 27 de maio de 1987.
E porquê isso tudo? Não sei. Só sei que o Amor não se explica e o Amor pelo Futebol Clube do Porto não está ao alcance do entendimento dos outros. Por isso, aceito que alguns não compreendam este texto.

Adriano Freire»

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