quarta-feira, 5 de agosto de 2020
Terminou com uma dobradinha à moda do Porto - conquista do campeonato e Taça de Portugal -, a época mais longa, mais atípica e mais difícil, mas muito saborosa, da história do F.C.Porto - as razões, todas as dificuldades que foi preciso ultrapassar, antes do Covid, durante o tempo de confinamento, em que o futebol esteve parado e após o recomeço. Um futebol sem público, sem o entusiasmo e a paixão dos adeptos
É o momento para dizer alguma coisa em jeito de balanço que está de alguma forma condicionado - não vi os últimos 10 jogos, e se é impossível desligar, a disposição para futebóis não era a mesma que antes da pandemia.
E se em 2018, no 1º título de Sérgio Conceição, disse isto:
«Sabem todos que no "meu Porto", em primeiro lugar, para o bem e para o mal, responde o líder do clube e SAD, Jorge Nuno Pinto da Costa. É assim agora que ganhamos, foi assim quando perdemos, é assim que deve ser sempre, na minha opinião. Elogiar e responsabilizar o presidente pelos sucessos, desresponsabilizá-lo e arranjar bodes expiatórios nas alturas em que os objectivos não são atingidos, é um exercício de desonestidade intelectual que me recuso a seguir. Portanto, em primeiro lugar, parabéns ao presidente por mais um título e que título! Mas se é verdade que a escolha de Sérgio Conceição, como está à vista e contra factos não há argumentos, foi uma escolha correcta e esse é mérito deve ser creditado ao líder do clube e SAD - não vou usar o passado recente como contraponto... -, também não deixarei de dizer, porque para mim é uma verdade incontestável, desde que Jorge Nuno Pinto da Costa é presidente nunca a influência de um treinador foi tão notória e contribuiu tanto para a conquista de um título como esta época com Sérgio Conceição na cadeira de sonho. Aliás, esse reconhecimento foi expressado/cantado de uma maneira extraordinária. Tanto que na minha já longa caminhada a acompanhar o F.C.Porto, posso dizer que se já vi treinadores a serem muito exaltados e o seu trabalho de excelência também muito enaltecido - Pedroto, Artur Jorge, Mourinho ou André Villas-Boas, por exemplo - nunca vi nada igual ao que vi domingo no Estádio do Dragão. Se tenho claro que é impossível um treinador ter um apoio unânime, tenho também a certeza que nunca um treinador foi tão consensual, teve do seu lado a esmagadora maioria do portismo, como Sérgio Conceição.»
E mais umas coisas que podem ver AQUI, esta época há muito mérito do treinador, como é óbvio - estes tempos, como disse em Maio de 2018, não são tempos em que quem treina o F.C.Porto arrisca-se a ser campeão. Não, é muito mais difícil agora. É indiscutível e seria preciso muita má-fé ou o cúmulo da desonestidade intelectual não o reconhecer, mas ao contrário do título de 2017/2018, há também muita estrutura - incluo na estrutura o departamento médico superiormente comandado pelo Doutor Nélson Puga, Nélson Puga que junta à competência profissional um portismo praticado que importa realçar - e principalmente, muito Jorge Nuno Pinto da Costa - o facto de ter na minha qualidade de portista muitas críticas a apontar ao presidente e cuja linha vermelha foi o prémio de meio-milhão de euros, numa altura em que o F.C.Porto atravessa uma grande crise financeira, não me impede de elogiar quando entendo que os elogios se justificam. Em vários momentos desta temporada e logo na pré-época, Pinto da Costa teve de intervir e fê-lo bem, unindo as pontas, evitando danos que poderiam ser irreversíveis. Continuou após a eliminação da Champions e em outros momentos em que o sangue ferveu e voltou a tomar posição importante, já depois do recomeço, após o empate na Vila das Aves. Mas onde Pinto da Costa mostrou toda a sua capacidade, sabedoria e experiência, foi no pós-final da Taça da Liga, quando as coisas estiveram muito difíceis e a um passo da ruptura. Nessa semana muito complicada, a intervenção presidencial não só evitou o pior, como criou condições para a retoma que veio a culminar numa dobradinha à moda do Porto. Ganhar campeonato e Taça de Portugal numa época que pelas circunstâncias que a envolveram, pelo tempo que durou, foi muito difícil, é um feito notável e mostra a verdadeira força de um clube que não se verga. E se esta época teve no presidente e no treinador, os dois principais artífices, sem esquecer todos os que estão ligados ao futebol do F.C.Porto, os jogadores - são eles que no campo conseguem os resultados que dão títulos -, deve ser elogiado também os adeptos do F.C.Porto, claques, mas não só, porque nunca desmobilizaram, mesmo em momentos que tudo parecia perdido.
Para ver tudo isto destacado ao nível do feito conseguido, teríamos que reinventar Portugal - ver à frente mais umas coisas sobre o assunto.
Dito isto, porque o futebol não pára e a próxima época é já ali, importa referir mais o seguinte:
Este título foi por muitas razões, importantíssimo - nem quero imaginar o que aconteceria se o F.C.Porto não fosse campeão, tivesse de disputar uma pré-eliminatória da Champions e regressar ao trabalho já na próxima semana -, mas não é a panaceia que de repente vai resolver todos os problemas do F.C.Porto e que são muitos.
O passivo continua em valores demasiado elevados - perto dos 450 milhões de euros -, os capitais próprios continuam negativos - acho que em cerca de 80 milhões -, entre outros encargos, há no próximo ano dois empréstimos obrigacionistas para pagar - 70 milhões. Portanto, vamos ter de vender - espero e desejo que o façamos bem -, mas em simultâneo temos de formar um plantel que esteja à altura das responsabilidades do F.C.Porto, permita ao treinador lutar por todos os objectivos internos - contra um rival que tem um presidente capaz de todas as loucuras para continuar a liderar o clube do regime. Vieira que mantém o discurso populista, demagógico e trauliteiro que o caracteriza, Vieira que promete agora aquilo que prometeu há mais de uma década e nunca conseguiu. Vieira que tem consciência que sem o chapéu do SLB, o fantasma do que aconteceu a João Vale e Azevedo o vai atormentar e de que maneira no futuro a muito curto prazo. E como treinador um bazófias, arrogante, endeusado e idolatrado, a quem tudo é permitido - e fazer boa figura na Champions, mantendo intocável o prestígio que adquiriu e o mantém como único clube fora dos cinco principais campeonatos do futebol europeu a ganhar a prova rainha da UEFA. Um feito notável, extraordinário, mas que nunca teve neste país o destaque merecido, é preciso repeti-lo até à exaustão.
Seria sempre uma tarefa hercúlea e um grande desafio em tempos normais, muito mais difícil em tempos de pandemia... Mas que vamos ter que ultrapassar e vencer. Espero sinceramente que os erros que atiraram o F.C.Porto para uma situação dificílima não se repitam.
O feito do F.C.Porto, CAMPEÃO e VENCEDOR DA TAÇA DE PORTUGAL, numa das épocas das mais ricas da história do futebol português, já passou para terceiro plano. Sim, pelas circunstâncias em que foi disputado; pelas alternâncias na classificação ou sobre oportunidades perdidas para remontar, ou consolidar; sobre quem se adaptou melhor a este futebol sem alma, sem entusiasmo e sem a paixão da essência do futebol, os adeptos, que ficaram do lado de fora do estádio. Pelo que foi dito sobre quem queria e não queria jogar; sobre quem trabalhou sempre ou sobre quem fez férias; sobre a influência da vitória portista no jogo do Dragão com o Benfica; sobre a entrada em falso dos azuis e brancos a que se juntou uma eliminação na pré-eliminatória da Champions que deixou marcas profundas; ou chegar a Janeiro a sete pontos do líder e a recuperação final, mesmo que ainda tenham acontecido vários sobressaltos, é um verdadeiro caso de estudo. Este campeonato e este Porto CAMPEÃO e VENCEDOR DA TAÇA DE PORTUGAl, devia merecer um tratamento justo e detalhado, honras de vários programas de rádio e televisão, destaque nos jornais. Mas como temos assistido não é nada disso que acontece. E o que vemos agora? Agora vemos novamente a exaltação e a apologia da mediocridade. Os que rasgaram as vestes pela saída de Jesus para o Sporting, já se juntaram à festa, a prostituição intelectual está aí e em força. Só dá Jesus. Voltaremos ao tempo do Iron Man, do Catedrático, Mestre da táctica e afins, a arrogância e a bazófia estão de regresso, as calinadas e pontapés na gramática voltarão a ser perdoadas, porque o homem, pasme-se, é um Doutor do Povo.
Duas notas finais:
O que fica para a história são os títulos, não há campeonatos onde se apurem campeões de show de bola, recitais, nota artística, ópera... Mas se este Porto é, foi sempre competitivo e não há nada a apontar à atitude, espírito de sacrificio e devemos elogiar a capacidade desta equipa para nunca ter ficado no chão, quando caiu logo se levantou. E nesta matéria é justo referi-lo, o treinador teve um papel decisivo - a chamada azia boa, que dá ganas, obriga a reagir, a uma mudança rápida de comportamentos, a depressão nunca se instalou, a vontade de querer alterar e mudar a situação, em contraponto com a azia má, aquela que deixa as pessoas incapazes de reagir, prostradas -, bem como dizer que este Porto é dos melhores de sempre no trabalhar e aproveitar os lances de bola parada, é importantíssimo no futuro melhorar na qualidade exibicional. Por todas as razões, mas porque é uma máxima do futebol, quem joga bem está sempre mais perto de ganhar.
Se o Benfica levou uma lição daquelas que devia levar a reflectir, mas pelo que vamos vendo, não aprenderam nada, o que dizer de alguns comentadores, analistas, jornalistas, supostamente isentos? Uma vergonha, um escândalo, comportamentos que nem no tempo da outra senhora se viam.
Que dizer de alguns desses moralistas que se apresentam como defensores de um futebol português mais competitivo, equilibrado, por isso, melhor, mas que fazem tudo e quando digo tudo, é mesmo tudo, até se prostituírem, para que o clube do regime tenha sucesso? O que dizer de alguns ratinhos, pequenos em tudo, que sonhavam com um Benfica a esmagar a concorrência e agora até estrebucham, perdem completamente a compostura e não conseguem disfarçar o incómodo que lhes causou este sucesso do F.C.Porto? Dizer-lhe, inchem, inchem muito, mas não rebentem, vocês são muito importantes para manter o F.C.Porto e os portistas em estado de alerta. Até podemos andar desencantados, tristes, zangados com algumas coisas que se vão passando no nosso clube, mas quando tocam no F.C.Porto... tocam em todos e nessa altura estamos unidos, fortes, somos sempre solidários.
A coisa está de tal maneira em alguma comunicação social, que chegam ao ponto de mentir, sabem que estão a mentir descaradamente, mas nem se preocupam, nem se importam de ser gozados e ridicularizados. Ética, deontologia, rigor? Mas o que é isso? Dizer que Cavani pode vir para o Benfica por 2,5 milhões/líquidos /ano, mesmo com um prémio de assinatura de 8 milhões, é um bom exemplo...
PS - Espero que o pequeno e 10 anos atrasado, clube lá do Norte, como eles costumam dizer, não seja um dos principais temas de conversa nas eleições do mais maior, melhor, grande, clube do planeta...