terça-feira, 14 de outubro de 2008
Depois de recordar, com todo o gosto, algumas glórias das modalidades - sou, sempre fui, um portista eclético -, regresso ao futebol para falar de um verdadeiro craque e um grande profissional: técnica, força - arrastava a equipa às costas -, raça, alma e um espírito de guerreiro, indomável, eis António André, o meu Nª 6 de eleição, ele que curiosamente jogava com a camisola Nº 11.
Ah, e marcava golos, muitos golos!...
Chegado ao F.C.Porto por indicação de J.M.Pedroto, já com 26 anos e oriundo do Varzim - filial Nº1 do F.C.Porto, é sempre bom lembrá-lo - na época de 1984/1985 e por custos que até fazem rir - equipamentos, bolas, sapatilhas, etc. - , só à 7ª jornada - em Penafiel e debaixo de um autêntico dilúvio - André conquistou a titularidade, tendo pegado de estaca e a partir daí só saindo da equipa por lesão ou castigo.
Internacional A português, ganhou ao serviço do F.C.Porto tudo o que havia para ganhar: Campeão Nacional, Europeu e Mundial, ganhou também, a Supertaça europeia e a Taça e Supertaça, portuguesas.
Manteve-se sempre fiel ao clube azul e branco, apesar de várias propostas, algumas muito tentadoras que recebeu do exterior. Terminou discretamente a carreira, com 37 anos, na época 1994/1995, mas continuou a servir o clube, primeiro como técnico adjunto e agora como elemento do Departamento de Scouting.
Numa altura que o F.C.Porto tem tido algumas dificuldades na posição 6 - Fernando dá sinais de poder resolver o problema - o exemplo do caxineiro André seria o que eu apontaria para servir de inspiração ao jovem brasileiro.
Ficam as entrevistas dadas por André à Revista Dragões - Fevereiro de 1986 e Março de 1990 - onde o meu Nº 6 de eleição, mostra algumas facetas da sua personalidade, enquanto homem e profissional. São entrevistas raras, pois o André foi sempre mais de jogar - muito bem - que falar.
Notas finais: uma para fazer referência à penúltima página - Labaredas do Dragão -, com as declarações lamentáveis de dirigentes benfiquistas poucos dias antes de um Benfica-F.C.Porto, criando uma pressão tremenda sobre um profissional sério, mas que serviram para mostrar - grande exibição e grande resposta - a fibra e o carácter do António André.
Outra referência para uma imagem que me marcou e que é demonstrativa do espírito de sacrifício e profissionalismo do ex-internacional portista: jogava-se o F.C.Porto - U. da Madeira, Chico Nelo, curiosamente um jovem formado no F.C.Porto, de má fé, deu um pontapé na cara de André, provocando-lhe um golpe que o deixou muito maltratado. André foi assistido e para espanto de todos os que estavam no saudoso Estádio das Antas, regressou ao relvado e cumpriu os noventa minutos do jogo.
Foi com estes exemplos que a mística dos Dragões se foi criando e consolidando, fazendo do F.C.Porto um clube ímpar no futebol português.
É sempre bom - sem saudosismos - recordá-lo, principalmente agora que o plantel do F.C.Porto, por várias circunstâncias, tem cada vez menos jogadores portugueses.
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