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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Está a chegar a hora da verdade e o nervoso miudinho começa a fazer-se sentir - tem piada, a última vez que me senti assim foi em 2004. A Champions, essa prova fantástica, está de volta para os quartos-de-final e mais uma vez, ao Dragão, é permitido sonhar. Mas sonhamos, porque os nossos sonhos são construídos, em bases sustentáveis, em factos concretos e não, em paranóias megalómanas, tão ao jeito de alguns vendedores de banha da cobra. Sabemos, porque não somos irresponsáveis, que eles são melhores do que nós - têm melhor plantel, melhor equipa, melhores jogadores e jogam em casa. São naturalmente favoritos e teoricamente, já passaram às meias-finais. Só que da teoria à prática vai uma grande distância e nós, F.C.Porto, até somos um bom exemplo, a nível europeu, de que um clube e uma equipa, sem a capacidade económica e financeira, dos grandes tubarões do futebol do Velho Continente, às vezes, muitas vezes, até, pode causar grandes dissabores aos mais poderosos. Que o diga o nosso adversário de amanhã!

Para que o sonho continue, eo Golias seja abatido, é preciso que, em Old Trafford - Teatro dos Sonhos -, onde já foi muito feliz, o F.C.Porto saiba honrar o seu passado, de equipa, com crença, alma, coragem, determinação, qualidade, e, fundamentalmente, espírito vencedor, que é a imagem de marca do Dragão. Equipa que respeite o Manchester, mas sem os medos excessivos, que às vezes, lhe tolhem os movimentos; uma equipa ousada, mas responsavelmente; que esteja concentrada, defenda bem, mas seja capaz que "picar" os Campeões da Europa e com isso obrigá-los, a não viram para cima, com tudo. Ao fim e ao cabo, um F.C.Porto igual a si próprio; fiel ao seu glorioso passado, de gente Grande, que não se esconde, gente maior que o País, que fala dos perdedores e ignora os vencedores. Eles têm Ronaldo? Nós temos Hulk. Eles têm Rooney? Nós temos Lisandro. Eles têm Tevez? Nós temos C.Rodríguez. Eles têm R.Giggs? Nós temos Lucho. Eles têm Carrick? Nós temos Fernando. Eles têm P.Scholes? Nós temos R.Meireles. Eles têm Ferdinand? Nós temos B.Alves. Eles têm Vidic? Nós temos Rolando. Eles têm P.Evra? Nós temos Cissokho. Eles têm O' Shea? Nós temos Sapunaru. Eles têm V. der Sar? Nós temos Helton. Ah, eles têm Ferguson? Nós temos Jesualdo, um Jesualdo confiante, que já não desconfia, já arrisca, já percebeu - acho que o F.C.Porto/Sporting e a má opção por P.Emanuel, foi uma lição para o técnico do F.C.Porto -, que no clube portista, quem tem medo compra um cão. Assim, um a um, até parece fácil, o pior é a dinâmica, a velocidade, de quem tem sempre de jogar a ritmos elevados, a experiência de quem já "viveu" muito, em contraponto, com a juventude irreverente, de quem ainda está a crescer e tem muito a aprender...Mas também era assim em 2004 e depois foi o que se viu...
Portanto, meus caros, vamos soltar o fogo do Dragão, fazê-los engolir a arrogância e fazer mais uma vez, a Europa do futebol, abrir a boca de espanto, com um feito do melhor clube português.

Sem esquecer, alguns dementes, que teriam de andar muito tempo a tomar chá.
Eu, como sempre, acredito!

O árbitro é o austríaco Konrad Plautz, auxiliado pelos seus compatriotas, Bernhard Zauner e Armin Eder.

Convocados do F.C.Porto: Guarda-redes, Helton e Nuno; Defesas, Sapunaru, Rolando, B.Alves, Cissokho e Stepanov; médios, R.Meireles, Fernando, Lucho, T.Costa, Guarín, Mariano e A.Madrid; Avançados, Tarik, Farías, Lisandro, Hulk e C.Rodríguez.

Antevisão de Jesualdo:
FCP: O que o leva a pensar que o F.C. Porto vai conseguir a primeira vitória em solo inglês?Jesualdo Ferreira: A nossa vontade de ganhar. Queremos muito fazer um bom jogo, queremos muito mostrar as nossas capacidades, queremos muito discutir o jogo e o resultado e, quando assim acontece, é possível chegar ao fim e ganhar. Mesmo tendo em conta a grande qualidade do Manchester, que é campeão da Europa e do Mundo. Neste momento o F.C. Porto tem muito querer e acho que tem argumentos para discutir o jogo.

FCP: O facto de os ingleses parecem estar a desvalorizar um pouco esta eliminatória pode ser valorizado pelo F.C. Porto?JF: Não acredito que o meu colega desvalorize o F.C. Porto. Seguramente está na lembrança deles o que se passou há cinco anos. O Manchester United e o F.C. Porto são recordistas de presenças. Sob o ponto de vista de conquistas internacionais os dois clubes equiparam-se, portanto não creio que ninguém do Manchester desvalorize este jogo.

FCP: Que características tácticas e psicológicas são necessárias, sabendo do historial do Manchester United em Old Trafford?JF: Temos o nosso método e os nossos processos já consolidados. Estamos mais equilibrados e mais fortes, o que nos orienta é a nossa identidade e os nossos processos. O que nos preocupa é poder responder à qualidade e à capacidade do Manchester United por aquilo que somos capazes de fazer. Temos espírito ofensivo, procuramos ganhar sempre e somos uma equipa que traduz a cultura do clube, pois jogamos sempre para ganhar. Limitamo-nos a fazer aquilo que sabemos, que é manter os nossos processos e a nossa identidade e é ter um permanente espírito ofensivo. Queremos discutir o jogo para poder discutir o resultado.

FCP: O que é que lhe causa maiores cautelas perante um adversário como este?JF: Só conseguimos inviabilizar o futebol ofensivo do Manchester tendo sempre em atenção uma coisa que nos orienta: Temos de defender para poder atacar. Só tacticamente podemos conseguir minimizar ou eliminar com mais capacidade o grande jogo colectivo que o Manchester tem. Mas a minha perspectiva não foge de uma regra: Temos de defender bem para atacar melhor. Temos de ser solidários e de ter grande coragem, porque todas as equipas que jogam em Old Trafford conhecem a matriz de jogo e o ambiente com que vão deparar-se e essa coragem vai dar-nos força para colocar em campo os nossos processos. Não há receio no nosso espírito, apenas sentimento de responsabilidade.

FCP: Estaria tranquilo caso o F.C. Porto tivesse tido o mesmo tempo de descanso que o Manchester United teve para este jogo?JF: Essa é uma questão menor neste momento… Tivemos muitos jogadores nas selecções, o Manchester também. O Manchester lida bem com esses processos, não me parece que seja um factor importante neste momento. O Manchester tem um plantel equilibrado e faz rotatividade permanente. O mais importante é, depois de chegarmos aqui, estarmos entre as oito melhores equipas da Europa. Somos de um país diferente em termos de mercado e capacidades. Mas os dois clubes, enquanto clubes de top, equivalem-se naquilo que ganharam. Neste contexto, a equipa do F.C. Porto é menos experiente que o campeão europeu. Mas são estas questões que tentamos transformar em desafios permanentes e foi assim que conseguimos chegar aqui. E é com esse espírito que vamos tentar dar uma alegria aos nossos adeptos que estarão aqui, aos que sofrerão em Portugal e aos que nos apoiarão em todo o mundo. Penso também que Portugal está connosco. Por isso há um conjunto de factores de natureza emotiva que nos farão correr amanhã para superar o ambiente e a experiência do adversário. E não sabemos fazer mais nada do que aquilo que fazemos bem. Os jogadores sabem que têm mais uma oportunidade para darem um passo importante nas suas carreiras. É um grande jogo para desfrutar.

FCP: Concorda que a UEFA Champions League é favorável aos clubes mais ricos?JF: São as leis do mercado, mas até por isso devemos valorizar o que fazemos e a forma como nos superamos com menos recursos.

FCP: Qual seria um resultado aceitável neste jogo e até que ponto é melhor jogar o segundo encontro em casa?JF: Fazer um bom resultado em futebol é ganhar. É marcar golos, é conseguir chegar ao fim em vantagem, ou no mínimo, com igualdade, desde que haja golos. É assim que se pensa quando se joga primeiro em casa do adversário. Estes jogos são tensos do ponto de vista mental, pois quando se joga em casa procura-se marcar golos sem sofrer. Exigem níveis de concentração sempre muito elevados. Quando se joga fora também. Neste momento esta discussão é dizer lugar comuns, para nós um resultado positivo é ganhar.

FCP: Em 2004 o F.C. Porto fez história neste estádio. Gostaria de ter uma sorte parecida?JF: Gostava de ter essa sorte ou outra. Desejamos é seguir em frente. Parece que foi ontem, mas já passaram cinco anos sobre esse facto histórico. Foi a primeira vez que o F.C. Porto venceu a Champions no modelo actual. Nessa altura jogou-se pela diferença de golos. Foi favorecido por ter marcado um golo fora, mas a verdade é que a um minuto do fim estava eliminado, mesmo depois de ter ganho em casa. Para nós este jogo tem uma perspectiva muito clara. É um jogo para desfrutar, pois não se está muitas vezes nestes momentos altos do futebol de top e não se pode desfrutar sem alegria e sem se sentir disponível. É este o nosso quadro mental. Ter prazer para conseguirmos jogar aquilo que somos capazes.

Revista Dragões


A pedido de um comentador do blog, fica o último exemplar da Revista Dragões, não na totalidade, mas a capa, o editorial, a página do Presidente e a reportagem com Bruno Alves.

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