Enquanto no F.C.Porto a azáfama é grande - ainda há muitas coisas a acertar e estamos apenas a dois dias da partida para a Alemanha, Marienfeld, local do estágio e onde, no passado, se começaram a preparar épocas de boas memórias, Champions League de 2003/4 e Tetracampeonato de 2008/2009; enquanto o Mundial caminha para o fim, já com a Holanda na final e apenas à espera de saber se vai enfrentar os germânicos ou os espanhóis - acho que os nossos vizinhos vão ganhar; ao ler os jornais, fui surpreendido por uma notícia sobre o Barcelona, com declarações do novo presidente do clube catalão, Sandro Rosell a dizer o seguinte:"Este mês tínhamos dificuldades para pagar os salários dos jogadores. No dia de hoje não podíamos pagar. Por isso estamos a negociar um empréstimo de 150 milhões de euros para poder fazer face aos nossos compromissos imediatos".

É, repito, uma notícia surpreendente, mas que, por estranho que pareça, me deixa feliz. Explico. Quando um clube poderoso como o Barça, que tem por trás de si uma região riquíssima, como é, sem dúvida a Catalunha e que tem ao seu serviço rádios, televisões e jornais, com tudo o que isso representa, tem estes problemas, sinto um orgulho enorme no meu, no nosso F.C.Porto. Porque, meus caros, nós somos discriminados, boicotados, lutamos, quase sózinhos, contra tudo e contra todos; fazemos parte de uma região cada vez mais pobre, mais desfavorecida, mais maltratada; mas estamos aí, firmes, dinâmicos, na luta, capazes de surpreender, como se viu na contratação de J.Moutinho. Temos problemas, claro que temos, dificuldades, também, mas só por má-fé não se reconhecem os méritos de um trabalho extraordinário. Nunca ninguém conseguiu tanto, com tão poucos meios! A nossa riqueza, aquilo que nos permitiu ter chegado a este patamar de exigência, não caiu do Céu, não nos foi oferecido de mão beijada, não tivemos, ao contrário de outros, grandes benesses, nós, meus caros, conseguimo-lo à custa da nossa capacidade e dos nossos méritos, conseguimo-lo à custa de muita paixão pelo azul e branco. É essa paixão, esse entusiasmo, junto com uma grande determinação, que vai ser a minha imagem de marca. Aqui nunca se dá o flanco. Quem não for capaz de me acompanhar...tenho muita pena, mas terá de procurar outros espaços.