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domingo, 2 de novembro de 2014


Longe vão os tempos em que os grandes clubes portugueses tinham um profissionalismo a sério, os menos grandes e os pequenos, um profissionalismo que deixava muito a desejar. Agora já não é assim, quase todos os clubes têm boas condições de trabalho, treinadores estudiosos e actualizados, que sabem montar bem as equipas táctica e estrategicamente e por isso cada vez mais os adversários fáceis são uma espécie em vias de extinção, as surpresas estão sempre a acontecer, às vezes com grande estrondo - Guimarães que goleou a equipa que melhor joga em Portugal, segundo o grande entendido Eduardo Barroso; o modesto Celta de Vigo que ganhou ao Barcelona em Camp Nou, etc. Serve esta introdução para dizer o seguinte: no futebol de hoje uma equipa tem de ser um conjunto de onze jogadores e todos têm de contribuir para que o conjunto seja colectivamente forte, coeso, equilibrado e organizado. A defesa começa no ataque, ninguém se pode baldar a certas tarefas, sob pena de haver desequilíbrios, desorganização, apareçam espaços que podem ser explorados pelos adversários. Uma equipa recheada de artistas, mas sem quem seja capaz de pressionar, lutar para recuperar bolas, recuar para ajudar, alguém que se sacrifique, não ganha a uma equipa com menos qualidade individual, mas onde o lema, um por todos e todos por um, a torne colectivamente forte. Foi o que se passou em muitos momentos do jogo de ontem. O F.C.Porto entrou muito bem, marcou um golo, estava no bom caminho para ganhar tranquilamente.
Mas a partir do momento que o Nacional acertou as marcações, passou a ser mais rápido e mais agressivo sobre a bola, a pressionar e ganhar bolas divididas - aqui porque ao contrário do F.C.Porto, os seus jogadores metiam o pé com mais convicção - e pela parte do F.C.Porto não houve a mesma atitude, o jogo ficou equilibrado, o Nacional tornou-se uma equipa perigosa e ameaçadora. Como referi num dos posts anteriores, Quintero tem um grande talento, uma enorme capacidade para sacar coelhos da cartola, mas se a Quintero juntarmos Óliver - este menos, mas não é um daqueles médios que impõe respeito pela contundência - Brahimi e Quaresma, quem marca, quem ajuda, quem pressiona, quem se sacrifica? Casemiro e um Jackson sempre generoso? Está visto, neste Porto, Herrera é fundamental e Evandro não pode ser esquecido. Com Quintero de início, neste momento e em certos jogos, o que ganhamos em génio e em capacidade para fazer coisas do arco da velha, não compensa o que perdemos em intensidade, agressividade e organização. Quintero é muito novo, ainda vai a tempo de ganhar o que é preciso para ser um jogador completo e indiscutível - e se olharmos para o James Rodrígez deste momento, concluiremos que não é uma missão impossível. Repito, na comparação que fiz com Deco, com bola, Quintero nada fica a dever ao Mágico, mas sem bola e em inteligência táctica, não tem comparação. Repito também, esse é o grande desafio que se coloca no futuro ao jovem colombiano: ser um jogador completo ou ser um jogador de fogachos. O mesmo poderia dizer sobre os dois laterais. Falta a Alex Sandro a raça e a alma de Danilo.
Com o meio-campo de ontem, na quarta-feira, os bascos até nos atropelam.
 
O golo invalidado ao Rio Ave no jogo de anteontem frente ao Benfica e que dava o empate à equipa de Vila do Conde, é um exemplo paradigmático do condicionamento que árbitro e auxiliares têm em jogos do clube do regime. A FIFA e a UEFA deram instruções claras e que vão no sentido de em lances de grande dúvida se há ou não fora-de-jogo, beneficiar a equipa que ataca. Que fez o assistente? Apesar de estar nitidamente mal colocado e não poder analisar bem o lance, assinalou irregularidade. Porquê? Porque ele sabe que errando a favor do Benfica não vai ser arrasado, ninguém vai colocar em causa a sua seriedade, ninguém vai dizer que faz parte do sistema ou errou porque quis. Mas se fosse o Benfica prejudicado, aí outro galo cantaria, coitado de José Gomes... Já nem sequer trago à colação o facto do homem dos talhos, o bracarense de Vila Verde, Manuel Mota, mesmo tendo um longo historial de benefícios ao clube da Luz, benefícios esses que já lhe trouxeram problemas complicados, continuar a ser nomeado para os jogos do Benfica e em momentos cirúrgicos. Portanto, quando no 90 minutos à Porto de sexta-feira passada, no Porto Canal, Bernardino Barros e Paulo Miguel Castro dizem acerca de alguns fazedores de opinião, os cães ladram e a caravana passa, como está bem à vista, não é bem assim, os cães ladram, condicionam e a caravana tem mais dificuldades em passar.
Esta é uma tecla que já bato há muito tempo e não me cansarei de continuar a bater.

Notas soltas:
Quando há incidentes entre adeptos devemos sempre lamentar e condenar; se eles provocam feridos graves, devemos condenar e lamentar ainda com maior veemência, independentemente das cores dos adeptos e de quem foi a responsabilidade. Mas e é preciso dizê-lo com a mesma veemência, o futebol português está bem mais perigoso desde que a ele chegou o desbocado e incendiário Bruno de Carvalho. No F.C.Porto- Sporting, felizmente, não houve nada, mas o que teria acontecido se aos insultos e provocações do líder leonino, tivesse havido réplica por parte de quem dirige o F.C.Porto?

O fraquinho, na opinião de alguns entendidos, Athletic de Bilbao, para além de na pré-época ter ganho 2-0 ao Benfica, ontem derrotou o Sevilha que conquistou a Liga Europa às custas do clube do regime e que se ganhasse hoje em San Mamés atingiria o primeiro lugar, isolado, no campeonato do país vizinho.

Um jornalista que tem a mania que é engraçadinho, chamado Rogério Azevedo, hoje no panfleto da queimada, sobre André André, jogador do Vitória e filho do ex-internacional português e do F.C.Porto, António André, diz que André André não fica nada atrás do pai, mas tem muito mais visão de jogo, muito mais técnica e dá muito menos pau que o progenitor. No elogio ao filho, um manifesto exagero em relação ao pai. Até porque se o filho é superior em todas essas valências a esse monstro do futebol e dos dos melhores jogadores de sempre na sua posição que vi jogar no F.C.Porto e vi muitos, então André André é um dos melhores médios do mundo e anda muita gente distraída... a começar pelo seleccionador e pelo ex-seleccionador.
Que ao Azevedo lhe valha S.José.

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