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terça-feira, 31 de março de 2015


Os treinadores podem ser muito profissionais, competentes, bons comunicadores, mas não podem fugir ao destino: são quase sempre escravos dos resultados. É uma máxima do futebol que até os conservadores ingleses já adoptaram, embora com excepções, como foi o caso do Manchester United sob o comando de Alex Ferguson. No F.C.Porto que é o que nos interessa e ao contrário do que acontece em muitos clubes, há uma cultura de resistência, chicotadas psicológicas são excepções à regra nestes quase 33 anos de presidência de Jorge Nuno Pinto da Costa. Isto apesar da exigência e muitas vezes a contestação ultrapassar os limites do bom senso. O clube é dirigido de dentro para fora e ainda bem. Serve este intróito para lançar a excelente entrevista de Julen Lopetegui ao Porto Canal. O actual treinador do F.C.Porto não é perfeito, isso não existe no futebol, mas é profissional, competente, pragmático, objectivo, convicto, assertivo a comunicar, tem carisma, é líder. Para além disso, já fez o diagnóstico ao futebol português dentro e fora do campo, já sabe o que é o F.C.Porto e o que é preciso batalhar para ter sucesso. Lopetegui é uma voz que oiço com atenção e gosto quase sempre do que oiço. Posso discordar de uma ou outra abordagem, mas na maioria das vezes estou de acordo com o que diz o técnico dos Dragões. Sem ser exaustivo, tentarei abordar aquilo que me parece mais importante da entrevista que Lopetegui deu ontem à noite ao Porto Canal.

Lopetegui já conhecia o F.C.Porto, mas é óbvio que só depois de aqui estar pôde perceber melhor o que é o clube: desde a sua cultura, até à exigência sempre presente, passando pela a forma como os Dragões são tratados por quem tinha o dever de ser equilibrado, isento, sério nas análises. Isto é, Lopetegui já percebeu que a grande maioria da comunicação social é facciosa, sectária, trata o clube que treina de forma desigual, extrapola ou branqueia sempre contra os Dragões e ao serviço do clube do regime. Os elogios vêm mais de fora do que de dentro. Por cá, enquanto no caso de F.C.Porto se anda à lupa para ver os defeitos, no caso do principal rival são cegos, surdos e mudos, só vêm virtudes.

Lopetegui respeita os árbitros, não coloca em causa a sua honestidade, como fez por exemplo o "Doutor do Povo", mas exige competência, constata factos de favorecimento ao Benfica que só a desonestidade de alguns não lhes permite ver, espera que não sejam os árbitros a decidir o campeonato. Espera ele e esperamos nós.

Fazer alterações profundas, entraram 16 novos jogadores, saíram outros tantos, ter um play-off da Champions muito importante frente ao Lille, logo no início da época, não era fácil a tarefa do treinador portista. Mas com empenho, garra, mentalidade forte, foi possível atingir um objectivo muito importante para todos, adeptos, jogadores, clubes.

A famosa exigência dos adeptos, muitas vezes excessiva, como aconteceu frente ao Bilbao no Dragão, não perturba Lopetegui que vê nisso um bom instrumento de trabalho. Quando as críticas são construtivas, são bem-vindas, não acredita que ex-jogadores do F.C.Porto façam críticas mal intencionadas. Mesmo essas críticas, em particular, sobre a famosa mística, não perturbam um balneário extraordinário, unido, com carácter e humildade. O reconhecimento após Braga para a Taça da Liga, caiu muito bem. Pena, digo eu, que logo no jogo seguinte esse heroísmo da "Pedreira", a equipa desse barraca na Madeira frente ao Marítimo. O dia do treino aberto foi marcante, importante para passar mensagens aos jogadores.

À famosa rotatividade que tão criticada foi, Lopetegui responde que quer um plantel preparado, não quer ter apenas 11 ou 12 jogadores prontos para jogar sempre. Quem compete ao mais alto nível de exigência, tem tantos jogos pela frente, não pode deixar de contar com todos. Ainda sobre a rotatividade, sem competitividade, contar sempre com os mesmos, era um mau sinal, desmotivava, dividia. Dar palpites depois dos jogos é fácil.

Os resultados frente ao Sporting e ao Benfica, foram golpes duros, culpas próprias, ofertas de golos que não se admitem, concordo com Lopetegui que frente fomos bem melhores e eles não fizeram nada para ganhar, discordo frente ao Sporting. É verdade que falhamos um penalty numa altura decisiva, demos duas abébias, mas a abordagem não foi a melhor. Lopetegui deu a ideia de não ter percebido a importância do que estava em jogo.

A Champions nunca servirá de desculpa para atingir o principal objectivo da época, o título. Um grande clube tem de estar preparado para jogar em várias provas.

Quaresma, disse Lopetegui e já tínhamos dito nós adeptos, está outro, para melhor. Nesta questão com o Nº7, alguns só não coram de vergonha porque não têm vergonha. Nada de autoritarismo, sim convencimento, responsabilidade, ajudar os jogadores a crescer individual e colectivamente.

Frente ao Nacional e após a derrota do Benfica em Vila do Conde, também não vou pela falta de estofo, mas era preciso fazer muito mais. Espero que para dentro essa mensagem tenha passado.

Lopetegui e a família estão bem integrados, gostam e sentem-se bem na cidade, factor sempre importante para nada perturbe a tranquilidade de quem tem uma tarefa muito exigente pela frente.

Pronto, fica um resumo da entrevista, uma entrevista com conteúdo e que podem ver ou rever, clicando na frase que está sublinhada em cima, "entrevista de Julen Lopetgui ao Porto Canal", mas que para alguns não mereceu o destaque devido. Preferem conversa da treta, frases feitas, pimbalhadas, pontapés na gramática, vaidades e a cultura do eu em vez da cultura do nós.


O cavalheiro da foto chama-se José Fontelas Gomes e é o presidente da APAF - Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol. Este "artista", em declarações à Bola Branca, editadas por Rui Viegas - este Rui Viegas pertence ao núcleo Vieira/Jesus ou ao núcleo Moniz/Rui Gomes da Silva? Não sei, que é um recadeiro ao serviço do Benfica, é! -, apela ao Conselho de Disciplina para intervir contra Julen Lopetegui, em causa às declarações do treinador do F.C.Porto ao Porto Canal. Como o corporativismo tem limites, das duas uma: ou este "artista" não ouviu e emprenhou pelos ouvidos; ou então ouviu e viu coisas que mais ninguém viu, qualquer pressão, falta de respeito, o que quer que seja que colocasse em causa os árbitros portugueses.
Não deixa de ser paradigmático que tendo Lopetegui falado de tantas coisas interessantes, os vendilhões do templo coloquem todo o enfoque no tema das arbitragens  São assim as prostitutas do regime.

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