Num jogo fundamental para se ver quem é quem, quem tem estofo e quem não tem, apesar da oportunidade desperdiçada de atingir a liderança na jornada anterior, havia na maioria do universo que torce pelo F.C.Porto, optimismo, uma convicção forte que a equipa de Nuno Espírito Santo(NES) estaria à altura da responsabilidade do jogo, era capaz de se apresentar bem na Luz, estaria no estádio do grande rival preparada para lutar pelos três pontos. Ganhar seria ouro sobre o azul, não perder, pelo menos, manteria tudo igual, o título continuaria ao alcance das duas equipas, ambas com jogos complicados nas sete jornadas que faltam para terminar o campeonato, perder tornaria muito complicadas as contas para lado dos Dragões.
Ficou tudo na mesma, o Benfica continua na frente com mais um ponto, mas com sete jogos ainda para disputar - calendário do F.C.Porto: Belenenses(casa), Braga(fora), Feirense(c), Chaves(f), Marítimo(f), Paços de Ferreira(c) e Moreirense(f). Calendário do Benfica: Moreirense(f), Marítimo(c), Sporting(f), Estoril(c), Rio Ave(f), Vitória S.C.(c) e Boavista(f) -, tudo pode acontecer. O F.C.Porto, mesmo que tenha deixado de depender apenas de si para chegar ao título, tem de acreditar, fazer a sua obrigação, ganhar e ganhar, esperar que o Benfica derrape. Olhando para o jogo, embora o empate se possa ajustar, esperava mais do F.C.Porto na noite de hoje. A paragem e o empate frente ao Vitória de Setúbal, pesou, a equipa de NES não fez um grande jogo.

Apresentando-se em 4x3x3 e com aquele que é para mim no momento o seu onze mais forte, Casillas, Maxi, Felipe, Marcano e Alex Telles, Danilo, Óliver e André André, Corona, Soares e Brahimi, uma equipa equilibrada e de vocação ofensiva, o F.C.Porto entrou mal, pareceu surpreendido com a dinâmica do Benfica - o que é estranho, eles tentam sempre isso nestes jogos, com o objectivo de marcarem e depois recuarem e jogarem em contra-ataque - ficou desde cedo a perder - Jonas de penalty, a castigar falta de Felipe sobre o mesmo Jonas -, aquilo que não convinha nada que acontecesse. Com o tónico do golo, o Benfica ficou mais confiante, moralizado, mais cómodo, mais que procurar ampliar a vantagem, teve como preocupação não sofrer, ficou na expectativa. A perder o F.C.Porto procurou reagir, teve mais bola, mas nunca foi uma equipa dominadora, contundente, perigosa. Quando o árbitro apitou para o intervalo, ficava a sensação que era necessário mais e melhor Porto.

Na segunda-parte, em desvantagem, esperava-se uma reacção portista e ela apareceu. Entrando bem, dizendo ao que vinham, os Dragões logo aos 4 minutos chegaram ao empate, após uma jogada de insistência que começou em Brahimi, continuou em André André e que o lateral uruguaio, no coração da área e à ponta-de-lança, concluiu. Com o empate e nos minutos seguintes, apareceu o melhor F.C.Porto do jogo. Soares podia ter feito o 1-2, dado a cambalhota ao resultado, a coisa prometia. Só que durou pouco esse período, a equipa de NES não manteve o ritmo, baixou a intensidade, foi-se perdendo - mesmo com as substituições, sairam Corona, Soares e Brahimi, entraram Diogo Jota, André Silva e Otávio tudo continuou igual -, o Benfica depois recuperou do abalo, passou a ser mais assertivo, mais prático, mais objectivo e mais perigoso, Iker Casillas foi mais vezes chamado a intervir, com duas grandes defesas evitou que o Benfica chegasse à vantagem, manteve o F.C.Porto a um ponto da frente.

Foi um clássico disputado, não muito bem jogado, como disse esperava mais do F.C.Porto, pelo que se viu durante os 90 minutos, o resultado não sendo o pretendido, satisfaz.

Xistra, tirando o critério disciplinar, em prejuízo do F.C.Porto, não teve influência no resultado e ainda bem. Depois da vergonhosa pressão e coacção feita pelo clube do regime na semana que antecedeu o clássico, esperava-se bem pior.

Uma vergonha, mais uma, depois de Arouca, novamente muitos adeptos do F.C.Porto a só entrarem no estádio já o jogo tinha muitos minutos decorridos.