Como as semelhanças são muitas, para Vítor Bruno o mesmo raciocínio aplicado no passado a Vítor Pereira
Um post tipo testamento, mas que creio ser importante agora, como parte dele achei importante dizer quando o escrevi em 24 de Setembro de 2011. Também porque vejo algumas semelhanças entre essa época 2011/2012 e esta.
Na altura o FCP treinado por Vítor Pereira e na 6ª jornada tinha empatado a dois no Dragão frente ao Benfica, depois de na anterior ter empatado a zero em Aveiro, casa emprestada do Feirense. Apesar de nas 4 primeiras jornadas o FCP ter ganho os seus jogos e já ter conquistado a Supertaça, a contestação ao treinador era uma constante, os apelos à sua saída eram muitos. E foi isto o que escrevi:
- Caríssimo Vítor Pereira, como homem do futebol e treinador do F.C.Porto sabes bem que os treinadores são sempre o elo mais fraco, os primeiros a serem criticados e contestados, mesmo quando e como tese, os maus resultados acontecem por erros grosseiros dos jogadores - por exemplo, falham golos de baliza aberta ou dão abébias atrás que não se admitem. Acontece aos melhores e basta olhar aqui para o lado, para Madrid, onde o "Special One", o melhor do mundo, só porque em dois jogos, frente a equipas que apenas lutam para não descer, perdeu 5 pontos e não marcou um único golo, muito pior do que tu, portanto, já é muito contestado. É a vida, como dizia o outro e no F.C.Porto, clube habituado a ganhar, sempre, onde a exigência é enorme, não podia ser diferente. Assim, como portista atento e que procura ser objectivo, construtivo, ao mesmo tempo que quer o melhor para o seu clube e obviamente para ti; que está consciente das dificuldades que este defeso e uma pré-época muito agitada, originaram; junto a uma herança pesadíssima que herdaste - a época anterior foi histórica, das melhores de sempre do F.C.Porto e as comparações são inevitáveis; herança que traria dificuldades ao mais pintado e também por isso, o André Villas-Boas se pirou; permite-me, com toda a estima e consideração, dizer-te o seguinte: desde que Pinto da Costa é presidente e já lá vão quase 30 anos, os treinadores marcantes e que fizeram história, eram quase todos pró-activos, que arriscavam sem medo, técnicos ousados, daqueles que acreditavam ser preferível errar por acção que por inacção, mas que também que não olhavam a nomes, nem a currículos, na hora de tomar decisões. É isso que espero de ti: ousadia, rasgo, determinação e principalmente, convicção. Nada de hesitações, nem medo de arriscar, a sorte, meu caro Vítor, protege os audazes. Estás numa das melhores universidades do mundo, a universidade do Dragão e aí só passam os mais capazes. Tu és capaz, vais passar e com distinção. E acredito, não porque és o treinador do F.C.Porto e a um portista pede-se que esteja com o seu treinador, nada disso, mas porque te acho competente, inteligente, trabalhador, alguém com a humildade suficiente para analisar, reflectir e se for preciso, mudar o rumo. Quando me referi a Mourinho era para isso mesmo, para te dizer que errar todos erram, até os melhores, depois aqueles que são capazes de aprenderem com os erros, arrepiarem caminho, alterarem e melhorarem, são os que fazem história.No F.C.Porto, como sempre acontece, o objectivo principal é o título... Confio e deixo para memória futura, a firme convicção que vais ser Campeão. Claro que não vai ser fácil, nem terás as facilidades da temporada anterior que foi atípica, mas meu caro, isso nem é importante, o importante é cumprir o objectivo, nem que seja com um ponto de vantagem.
Hoje é o momento de dizer algo parecido a Vítor Bruno e o raciocínio é muito parecido:
- Meu caro Vítor Bruno aproveitando esta pausa para as selecções, permite-me que te diga o seguinte: Sem pensar em ninguém em particular, sempre me irritou aqueles treinadores que acham que os adeptos percebem pouco de futebol, falam para não estar calados, reagem ao sabor da onda, leia-se resultados. Para esses treinadores quase que é preciso ter doutoramento para falar de futebol. Não acho nada disso. O futebol é um jogo fácil de perceber e se um adepto não é capaz de ir ao campo dar um treino, há coisas que são tão básicas que qualquer adepto sabe avaliar. Por exemplo: se uma equipa joga bem ou mal - não vale dizer o importante é ganhar. É verdade, mas é dos livros, quem joga bem está sempre mais perto da vitória. Domina os processos defensivos e ofensivos; se reage bem à perda da bola, sem bola não dá espaços, é compacta, organizada... Se com bola é rápida a pensar e a executar, define com critério, passa e finaliza bem. Sabe controlar o jogo, marcar os ritmos. Sem esquecer os lances de bola parada que nos últimos tempos têm uma taxa de eficácia muito próxima do zero e como estes lances são importantes no futebol moderno... Por isso, Vítor, a um treinador e em primeiro, pede-se que faça um bom diagnóstico. Ultrapassada essa importante etapa, então, é fundamental escolher bem as terapias mais correctas para resolver os problemas; Ora, Vítor, se o treinador do FCP, achou que a 1ª parte não foi má, não fez um bom diagnóstico. Assim, como não agiu em conformidade, não mudou nada, só por acaso a 2ª parte não seria igual. Foi. Com a única diferença a ser, infelizmente para o FCP, enquanto na 1ª parte o Benfica apenas marcou um golo - podia ter feito pelo menos mais dois -, na 2ª fez três e a consequência foi uma derrota que deixou marcas. Vítor, há lemas que são máximas no FCP: Até podemos perder todos os jogos, mas nunca podemos sair do campo sem a certeza que fizemos tudo para vencer. Mais vale perder, tentando tudo para ganhar, que perder porque não tivemos a coragem de querer ganhar. Coitados daqueles que mesmo quando corre mal, ou como aconteceu anteontem, muito mal, ficam prostrados a carpir mágoas, incapazes de se levantar. Somos da cepa, mais vale quebrar que torcer, a sorte protege os audazes. Tiveste a oportunidade de treinar um grande clube como é o FCP, por tudo que o rodeia, com particular ênfase na exigência, é um curso numa das melhores universidades do mundo do futebol. Não a desperdices.