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terça-feira, 14 de abril de 2009


...que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


E nós sonhamos, mas com a noção da realidade difícil, que nos espera. Com a noção, que vamos ter de sofrer muito, mesmo muito, para eliminar a equipa orientada por Alex Ferguson. Com a noção, que eles são tão capazes como nós, de ganhar o jogo, mesmo na nossa casa. Com a noção, que o Campeão inglês, da Europa e do Mundo, tem uma grande equipa, uma equipa experiente, habituada a estes momentes, enquanto a equipa do F.C.Porto, esta equipa do F.C.Porto, começa agora, a dar os primeiros passos na alta roda do futebol do Velho Continente e a jogar partidas desta intensidade e desta pressão. Mas também, temos a noção, que somos o F.C.Porto, um clube a quem nunca foi dado nada de barato e para aqui chegarmos, tivemos de nos levantar, quando muitos, mesmo nas nossas fileiras, já não davam nada por nós, já nos tinham feito o funeral.
Conquistamos a pulso o direito a sonhar e por isso há uma coisa que os ingleses podem ter a certeza: nós vamos ter mais vontade que eles! Os nossos profissionais, vão ter muito mais apoio que eles e também podem ter a certeza, que não é na guerra das palavras que nos derrotam. O nosso anterior adversário, na Champions, através de um aprendiz de feiticeiro, tentou ir por aí, tramou-se, engoliu em seco e saiu com o rabo entre as pernas. Bifes, gostamos de comê-los de cebolada e portanto, a arrogância não nos assusta, venha ela de um escocês corado ou do rapazinho madeirense.

Chegarmos, nestas condições favoráveis, aqui, é um feito extraordinário e que merece ser disfrutado com o entusiasmo dos grandes momentos. É o que farei, amanhã, no Dragão. Gritarei até que a voz me doa pelo F.C.Porto, e no final, independentemente do resultado, nunca me sentirei frustrado. Esta equipa e estes profissionais, que tanto cresceram, já conseguiram um feito notável...fazer-nos sonhar! Mais, são um certificado de garantia, que no Dragão, vai continuar e haver uma equipa capaz de dar seguimento a esta onda de sucessos, que há mais de 20 anos, nos alimenta o ego e nos deixa cheios de orgulho.

O árbitro é o suiço Massimo Busaca, auxiliado pelos seus compatriotas, Matthias Arnet e Manuel Navarro.

Convocados do F.C.Porto:
Guarda-redes, Helton e Nuno; Defesas, Sapunaru, Rolando, B.Alves, Cissokho e Stepanov; médios, R.Meireles, Fernando, Lucho, Guarín, Mariano, T.Costa e A.Madrid; Avançados, Farías, Lisandro, Hulk e C.Rodríguez.

Antevisão de Jesualdo:
Confiança abundante
«Vamos jogar contra a melhor equipa da Europa, campeã europeia em título, a melhor equipa do Mundo, actual detentora do troféu, e contra o melhor jogador do Mundo, Cristiano Ronaldo. Se o Ronaldo é apenas humano, imaginem o valor desta equipa! Temos muita confiança e muita vontade de fazer um bom jogo. De resto, temos a mesma confiança que tínhamos quando encarámos o jogo de Manchester. Temos consciência da qualidade e capacidade do Manchester, estamos perante um jogo que se vai resolver em 90 ou 120 minutos e temos de colocar em campo aquilo que somos capazes de fazer bem».

Perspectiva inalterada

«Gosto muito da minha equipa, do clube e do trabalho que temos feito até aqui. Cada treinador tem as suas formas de motivação da equipa e não faço interpretações das palavras dos outros técnicos. Sei o que faço e como devo proceder em relação aos meus jogadores, todos conhecemos o senhor Ferguson e o Ronaldo, e a relação entre eles não vem influenciar em nada a nossa perspectiva para o jogo».

Cenário de emoções

«Vamos ter no Dragão um cenário que não encontrámos nos últimos tempos. Temos capacidade para controlar as nossas emoções, mas não para controlar a euforia exterior, que é real, porque o clube está nesta fase da competição, a jogar contra uma grande equipa. O mais importante para nós é sermos capazes de controlar o jogo e discutir o jogo. A experiência a este nível indica que nem uma nem outra equipa vão ser afectadas pelos 50 mil espectadores. Em Manchester foi possível, no meio de 70 mil espectadores, ouvir os três mil do F.C. Porto. Amanhã não queremos ouvir os do Manchester United. Queremos sentir o apoio dos nossos adeptos nos momentos difíceis, mas estamos totalmente concentrados no jogo. Temos concentração máxima no adversário».

Momento importante

«Não é o jogo da minha carreira. É um jogo e um momento para desfrutar como um dos mais importantes da minha vida enquanto treinador».

Em busca da felicidade

«Se antes do jogo de Manchester já tínhamos afirmado que íamos discutir o encontro, neste momento, o nosso sentimento é exactamente o mesmo. A nossa confiança não aumentou, porque já era grande quando partimos para Manchester. Sabemos o que temos de fazer para ser felizes, mas a felicidade nem sempre aparece quando se quer. Temos de ser nós próprios a ganhar a nossa confiança, temos de discutir o jogo, jogar bem e não pensar no resultado».

Venha o jogo

«O Manchester United sabe o que tem de fazer para ganhar o jogo. Nós também. Vamos a jogo! Nesta fase, não interessa pensar no resultado. Vamos discutir o jogo porque não sabemos jogar de outra forma. Aquilo que não vou fazer nunca é alterar a identidade e os processos desta equipa em função dos adversários. Aquilo que mais queremos, equipa técnica, dirigentes e, sobretudo, jogadores é que o encontro comece»




Volto a publicar o artigo de António Simões, "Com bola ou talvez não", dado à estampa, no jornal A Bola de hoje.
Chama-se "Do carvão..." e é uma deliciosa metáfora contra a inveja, ou melhor contra os invejosos dos sucessos do F.C.Porto - digo eu!

Do carvão...
O encanto do menino era viver nas nuvens, na imagem divina que fizera de si – ou se fizera de si. Lá, no recreio da escola, quando jogava à bola, não havia ninguém mais deslumbrante. Até que apareceu alguém melhor, no campo. O ego do menino tropeçou e caiu no seu desconchavo e ele fez queixinhas, lançou atoardas, imaginou artimanhas – e, vermelho de raiva, contou ao pai das suas maldições, das suas raivas, dos seus truques, dos seus insultos. O pai pediu-lhe que o acompanhasse ao jardim. Precisava de lhe mostrar uma coisa. No estendal, estava uma camisola branca apenas. E a dez, quinze metros, um saco de carvão...
- Tenta daqui acertar na camisola, até que o saco se esvazie, imagina que na camisola lá está tudo o que tu odeias, tudo a que queres mal!Demorou quase uma hora, de arremessos em vão. Subiram ao quarto, ao longe enxergava-se ainda a camisola, tremulando ao vento...
- A camisola não se sujou. Mas, vai ao espelho e olha como tu ficaste!
Viam-se os olhos do menino a tremelicarem e todo o resto do rosto coberto de fuligem negra. Ouviu o pai dizer, sentencioso:
- O mal que se deseja aos outros, o carvão que lhes atiramos, fica sempre marcado na nossa cara, suja...
Sentiu fugirem-lhe as cinzas para dentro daquele espaço da alma que tudo gela – e estremunhou-se.
Sim, eu sei que depois do que fez, sublime, em Manchester, aconteça o que acontecer, amanhã à noite no Dragão, seja o FC Porto eliminado ou não (e eu que nunca acreditei na ilusão do massacre, acredito que não...) vai haver gente de olhos presos à TV com rostos marcados pelo carvão que andaram, invejosos, a atirar pela vida em subterfúgios, preocupando-se mais com jogos nos tribunais do que com jogos nos relvados. Só não sei se quem os vir assim verá neles a vergonha ou a má consciência - ou apenas traços sinuosos de quem magica mais um álibi ou mais um bode-expiatório para as suas fraquezas, as suas derrotas...

Artigo retirado do blog:portistaforever

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