terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Neste fascículo vamos saber dos árbitros que não comiam quando o Sporting perdia; de Américo e o árbitro do...Sporting; dos 700 contos por ano para Pedroto; do avião e cerveja na taça de Pedroto; de Pinto de Magalhães que demitiu o "Zé do Boné" para dar mais calor humano aos jogadores???!!!; do mais negro ano da História portista; dos 4 golos de Lemos ao Benfica; e para finalizar, a morte de "Pavão".
Uma recordação inesquecível!
Quem vive de forma apaixonada a militância clubística, tem momentos marcantes, recordações inesquecíveis, daquelas que ficam gravadas para sempre na memória. Os adeptos do F.C.Porto, então, nem precisam de puxar muito pela cabeça, tantos e tão "recentes" são os feitos da sua equipa de futebol, principalmente a nível internacional - Tenho recordações inesquecíveis da grandiosa caminhada da Taça das Taças; da conquista da Taça dos Campeões em Viena; da Taça Intercontinental na neve do Japão; da Supertaça europeia frente ao Ajax; da Taça UEFA no "Inferno" de Sevilha; da C.League frente ao Mónaco; da vitória no desempate por penaltis - que sofrimento! - frente ao Once Caldas; do Tricampeonato até ao não menos histórico Penta; mas a minha mais marcante recordação, o momento dos momentos, aquele que nunca mais se esquece, foi o golo de Ademir frente ao Benfica, na época 1977/78, golo que praticamente garantiu o título e que pôs fim a um longo jejum de 19 anos sem ganhar a prova mais importante do calendário futebolístico português. É esse momento que vou partilhar, resumidamente, com todos os amigos, conhecidos e visitantes do "Dragão até à morte".
Andava na tropa, nos Comandos, feudo de benfiquistas, desde o comandante, Jaime Neves, passando pela maioria dos oficiais, sargentos e praças. Os portistas eram tão poucos, ou então tão clandestinos, que ainda me recordo dos seus nomes: o Bessa, o Conceição, o Nóbrega, transmontano de Vila Real e...mais ninguém. Estava de serviço, sargento de dia, das 9 horas de sábado, vésperas do jogo, até às 9 horas de domingo dia do decisivo Porto/Benfica. O que fazer para ver um jogo que não podia perder? Como naqueles tempos não havia as facilidades de transporte que existem hoje - a auto-estrada ainda não ligava as duas cidades; não havia tantos comboios e tão rápidos, entre Lisboa e Porto; poucos eram os jovens que tinham carro; e, pior não havia dinheiro! - não dava para viajar na manhã de domingo. Perante tantas dificuldades, só havia uma solução: arranjar alguém que me substituísse no serviço e convencer o oficial de dia a aceitar a troca. Arranjar alguém foi fácil - a amizade e a solidariedade, são, entre muitas outras coisas, algo que marcou a minha passagem pelo Regimento da Amadora. Que o digam o toureiro Joaquim Bastinhas ou o ex-internacional português e até há pouco tempo, treinador do Chaves, Ricardo Formosinho -, convencer o oficial de dia, mais difícil, mas lá conseguimos...às 9 da noite de sábado larguei o serviço e toca a abalar para Sta. Apolónia para apanhar o comboio da meia-noite, que, se tudo corresse bem, chegaria a Campanhã às 9 horas de domingo, dia do jogo. Chegou. Nem fui a casa, tomei o pequeno almoço junto à estação e ala para as Antas. O dia estava maravilhoso e a romaria em volta do Estádio já era grande. Comi qualquer coisa num dos muitos restaurantes da Av. Fernão de Magalhães e entrei a hora e meia do início do jogo - naquele tempo tinha de ser assim para arranjar um bom lugar. Bendito Dragão!...Começa o jogo e golo...do Benfica, Simões na própria baliza - os deuses devem estar loucos. Pensei eu e devem ter pensado todos os portistas, mas ainda falta muito...Depois foi tentar e tentar e o golo não entrava - ainda gelamos quando Humberto, egoísta, quis ficar glorificado e falhou enviando a bola à barra, com Nené em muito melhor posição para marcar...Até que, faltavam 7 minutos para o fim e livre à entrada da área contra os vermelhos - muitos já não acreditavam e sentados com a cabeça entre as pernas, já não queriam ver o livre. Cruzamento para área, defesa do Benfica a cortar e recarga vitoriosa de Ademir - ainda me emociono muito ao recordar este momento. Bem...só quem viveu esse momento pode falar da mistura contraditória de sentimentos... Alegria esfusiante, choro, riso, abraços, beijos, aos amigos e a quem estava à volta e que não conheciamos de lado nenhum...Ainda sofremos no 0-0 de Coimbra, mas passados 15 dias desse momento fantástico, a glória aconteceu no último jogo do campeonato com os 4-0 ao Braga. O título, depois de uma longa travessia do deserto, voltava a ser do F.C.Porto. A partir daí, os triunfos têm sido tantos que, dizem, já nos aburguesamos. Dizem, mas no que me diz respeito, é mentira!
Agradeço ao Blog:http://bibo-porto-carago.blogspot.com/ e em particular ao "Lucho" que me enviou o e-mail com o vídeo do golo de Ademir, uma autêntica preciosidade.