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sábado, 12 de junho de 2010


Falar sobre a formação do F.C.Porto e responder à pergunta do título do post, é um desafio aliciante, mas fazê-lo com objectividade, profundidade e de forma construtiva, não é uma tarefa fácil. E não é fácil porque, com a passagem para o Olival, deixei de acompanhar tão de perto as camadas jovens - nas Antas era um ferrinho... - e também, porque não devemos avaliar se há sucesso ou insucesso, apenas baseados na análise simplista dos resultados: se ganhamos e conquistamos títulos, a formação está bem e recomenda-se, se não ganhamos, está tudo mal! Não deve ser assim, pensar assim é redutor, mesmo sabendo que a cultura do F.C.Porto é de vitórias e é mais fácil formar a ganhar que a perder. Um exemplo paradigmático: uma das piores equipas de Juniores do F.C.Porto, que tenho recordação - não ganhou nada e jogava muito pouco -, deu um dos melhores defesas centrais da história do clube, Ricardo Carvalho, que viria a ser transferido por 30 milhões de euros...

Feita esta pequena introdução, vamos ao que interessa... Nesta altura falar de formação no F.C.Porto, é falar do Projecto Visão 611, embora o Projecto vá para além da formação... O que é o Projecto Visão 611 e quais são os seus objectivos? Chama-se Visão 611 porque começou em 2006 e vai terminar - a primeira fase? - em 2011, altura em que serão analisados os resultados e se tomarão decisões para o futuro. Os objectivos são a formação de jogadores para a equipa A - principal; a melhoria de condições a todos os níveis - pedagógico, infra-estrutural, qualidade de formadores...; isto na formação. Em termos de equipa A, passa pelas conquistas de títulos e pela melhoria das contas.

Mesmo não conhecendo tudo do Visão 611 e não acompanhando, como já referi, de muito perto a formação, conheço o suficiente para dizer, em relação ao Projecto, que me parece bem estruturado, com um organigrama bem definido, que integra gente qualificada - nas equipas técnicas, vários ex-profissionais do F.C.Porto, como Frasco, Capucho, Pedro Emanuel, Paulinho Santos, Rui Teixeira...- com uma logística de excelência - Olival e Vitalis Park; meios de transporte para levar e trazer dos treinos; acompanhamento médico; apoio de proximidade, com professores e psicólogos; um Lar, para os de longe do Porto, com excelentes condições; acompanhamento nos estudos, em Colégios, com o F.C.Porto a comparticipar - um Scouting atento, etc. Ora, tudo isto, teoricamente, me parece muito bem, mas envolve meios financeiros muito elevados e na prática, a questão que se coloca, olhando apenas para a formação e para os "filhos" do Visão 611, mais na berra, Ventura, Castro, Ukra, Rui Pedro, Tengarrinha, Candeias, Sérgio Oliveira, o já transferido Paulo Machado - rendeu 3,5 milhões de euros - a actual equipa de Juniores, Juvenis e Iniciados, etc., é: a formação está aquém, dentro ou acima das expectativas? O que temos "produzido " tem compensado todo o investimento? Se olharmos para o passado, em que a formação do F.C.Porto lançou Pavão, A.Oliveira, Rodolfo, F.Gomes, J.Pinto, J.Magalhães, Rui Barros, Vítor Baía, F.Couto, J.Costa, R.Carvalho, Domingos, S.Conceição, Bruno Alves, N.André Coelho - fazem parte do plantel principal - e mais alguns que não me lembro, profissionais que, quase sem excepção, ganharam tudo e vários, renderam muitos milhões, a tendência é para dizer que está aquém das expectativas, mas alguém pode garantir, que, daqui a um, dois ou três anos, por exemplo, Ukra não conseguirá atingir o mesmo nível dos citados, ser transferido por muitos milhões e tudo muda? E de quem é a culpa, desta sensação de que as coisas não estão bem? Da política desportiva, que previlegia jogadores estrangeiros - nos Juniores há cerca de 10, o que é de mais, mesmo com todas as atenuantes derivadas dos novos tempos...- alguns dos quais, com valor semelhante aos jovens da formação? Da falta de coragem de apostar em jovens jogadores, por parte dos técnicos? Da exigência de vitórias e mais vitórias, que nos torna intolerantes e sem paciência para quem não rende, esquecendo que quem vem da formação precisa de apoio, carinho e tempo? Da nova forma de tratar miúdos, tratados a pão de ló e cheios de mordomias, em comparação com o passado, onde, por exemplo, no tempo de António Feliciano, quem tivesse o cabelo grande não jogava? Muitas dúvidas, muitas interrogações, num tema muito complexo, que não pode ser discutido de ânimo leve e apenas em função dos resultados imediatos. E os responsáveis do F.C.Porto, como responderiam à pergunta?

O prometido está cumprido. Esperam-se agora contributos, mas com objectividade e espírito construtivo.

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