domingo, 19 de abril de 2015
Quando a pequenina, mas aguerrida e aberta a quem quiser, tertúlia do pre-match, ainda fora do estádio soube a constituição da equipa que ia defrontar a Académica, não queria acreditar e as reacções foram de incredulidade, algum receio pelos riscos e a constatação da importância da Champions na época do F.C.Porto. Ganhámos, continuamos na luta, viu-se que mesmo com aquela equipa os riscos não foram muitos, podíamos e devíamos ter ganho por maior diferença de golos. A rotatividade de Lopetegui, afinal, não foi assim tão má, será que estaríamos em condições de disputar as duas provas mais importantes da temporada, se ao contrário do que foi feito, tivéssemos apostado sempre num núcleo de 13 ou 14 jogadores? Tirando o jogo da Taça de Portugal frente ao Sporting, não foi pela rotatividade que o F.C.Porto não está melhor posicionado no campeonato...
Depois da grande noite de quarta-feira e que perdurará na memória, mais tempo que menos, se em Munique os pupilos de Julen Lopetegui resistirem ao poderio alemão, sempre esperei que ontem o Dragão tivesse muito mais público, apontei para cerca de 45 mil espectadores. O jogo foi a um sábado, o tempo não estava mau, a hora, 18 horas, era boa, mas só estiveram 36 mil e não sei se a malta do Dragon Force contou para este número. Se contou então ainda é pior. E este número, claramente aquém das expectativas e do que a exibição frente ao Bayern a equipa merecia, leva-me a colocar a seguinte questão: será que também os adeptos do F.C.Porto têm ou só têm, mentalidade Champions? Só se motivam, só fazem das tripas coração na prova rainha da UEFA? É que para além de tudo que referi, o jogo frente à Académica era muito importante. Será que um F.C.Porto só para consumo interno, sem estes miminhos europeus, sem capacidade para se bater com estas equipas e muitas vezes conseguir resultados verdadeiramente surpreendentes, terá futuro. Não sei se estarei a exagerar nesta extrapolação, mas parece-me pertinente que seja colocada, por um razão: como conciliar um F.C.Porto europeu, com o facto de sermos um clube originário da segunda cidade de um país pobre e centralista e termos que competir ao mais alto nível, com clubes de Inglaterra - o último classificado da Premir League da próxima época vai receber cerca de 100 milhões de euros, quase o dobro do que recebe o pior classificado desta época -, França, Espanha ou Alemanha? Há quem fale em bilhetes mais baratos, em jogos a horas mais apropriadas, melhor promoção dos espectáculos. Pode ser, mas não alterará muito, não creio de seja por aí que o problema se resolva, o jogo de ontem é um bom exemplo. Depois daquela vitória e daquela noite de sonho, nem era preciso fazer nada, os adeptos deviam ter acorrido em massa, enchido o Dragão.
É, meus amigos e como conclusão: estamos cansados de ganhar, aburguesamo-nos, um título de campeão nacional já é pouco, para o ego de muitos portistas, só grandes feitos europeus levam os portistas a aderir... nem que para isso seja preciso fazer todos os sacrifícios.
Nota final:
De repente, em vésperas do Belenenses-Benfica, Jorge Simão, treinador dos azuis de Belém, descobriu a pólvora. O que disse ele para que reco-recos, vendilhões do templo, carrapatos e afins lhe dedicassem tantos elogios? Simples: que jogadores emprestados não deviam jogar frente aos clubes que os emprestam e muitas vezes lhes pagam grande parte do salário, quando não todo. E porquê? No caso de Rui Fonte, emprestado pelo Benfica ao Belenenses, se jogasse e marcasse ao clube do regime seria trucidado pelos benfiquistas, se tivesse azar e marcasse na própria baliza, por exemplo, estava feito, seria trucidado pelos adeptos do clube que serve no momento e pelos dos rivais do Benfica. Mas isto é alguma novidade? Não. Não é isso que nós andámos a dizer há muito tempo? É. Então onde está a novidade? Jorge Simão disse o que disse, Pedro Emanuel disse que Kayembe não estava em condições, Tiago Rodrigues teve uma indisposição súbita. Portanto, sempre houve polémicas com os emprestados e quando se trata de emprestados pelo F.C.Porto, ui!, ela é sempre da grossa, mas esta época apenas surgiu quando se tentou meter no mesmo saco aquilo que era normal acontecer, com a pouca vergonha, o escândalo que foi a não utilização de Miguel Rosa e Dayverson, jogadores já do Belenenses e com o clube do Restelo a pagar-lhes os salários, frente ao Benfica. Concluindo: ver naquilo que disse o treinador do Belenenses algo de original e de relevante, só na cabeça dos mesmos de sempre e com os objectivos de sempre.