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terça-feira, 29 de agosto de 2017


Quando Sérgio foi escolhido, as minhas reservas em relação ao treinador do F.C.Porto eram mais pelo  receio que algumas cumplicidades que considero perniciosas se fizessem sentir, do que por outra coisa qualquer. Por isso disse que por um lado e no que toca ao carácter, personalidade, a forma de estar no futebol, o seu discurso nunca redondo nem politicamente correcto, estava tranquilo - gosto muito mais e identifico-me muito mais com esta forma de estar, que com sonsos, cínicos, gente que se preocupa com a sua imagem, ficar bem na fotografia, agradar aos amigos, apregoa o Somos Porto, mas nunca pratica...-, por outro tinha dito que não conhecia como as suas equipas jogavam, porque não via o Olhanense, Guimarães ou Braga, alguns dos clubes que treinou, por exemplo - só os vejo em jogos com o F.C.Porto e mesmo assim estou muito mais focado na equipa que veste de azul e branco -, por isso ia dar tempo, esperar para ver. E assim, neste momento de pausa é altura de fazer um balanço, que, porque o tempo de trabalho ainda não é muito, não pode nem deve ser exaustivo. E só posso dizer que o balanço é muito positivo. Estou a gostar, não esperava tanto.

Começo por dizer o seguinte:
O tempo em futebol é importante e sendo a perfeição no futebol uma utopia, com o tempo as equipas vão evoluindo, melhorando, aperfeiçoando, ficando mais organizadas, equilibradas, com mais e melhores automatismos. Mas é o que penso e já o disse aqui muitas vezes, quando o trabalho é bem feito, não são precisos muitos meses para se ver a marca do treinador e a identidade e consistência da equipa. E neste Porto 2017/2018, já se nota bem a marca do treinador. O conjunto de Sérgio Conceição tem identidade, consistência e processos definidos. E se é natural que às vezes ainda se desequilibre e desorganize, opte e defina mal, hesite na hora de rematar à baliza e seja pouco eficaz, já há virtudes muitos apreciáveis e que importa realçar. Desde logo, esta é uma equipa unida, solidária e colectivamente forte; uma equipa dinâmica, que reage bem à perda, conjuga bem a função de atacar com os equilíbrios defensivos; é uma equipa vertical, tem largura, jogo interior, profundidade, ataca com muitos, mete vários jogadores na zona de finalização. Se não joga bem os 90 minutos, joga mais tempo bem que mal; e também não é uma equipa que só acorda na parte final dos jogo. Este Porto entra para ganhar; ataca desde o minuto inicial para se adiantar no marcador; procura fazer acontecer não fica à espera que aconteça.
Portanto, se não podemos embandeirar em arco, entrar em excessos de optimismo ou euforias desaconselháveis, também não podemos deixar de assinalar o que de bom tem sido conseguido até ao momento.

Nesta equipa há talento já conhecido, algum, pena ser tão intermitente - Corona, por exemplo. Brahimi também não é um primor de regularidade e muitas vezes excede-se em individualismos, mas o seu talento dura mais no jogo - e há jogadores, no caso um jogador, Marega, por quem quase ninguém dava nada e tem sido, pelo menos para mim, uma agradável surpresa, um jogador muito importante e que tem colmatado bem a ausência de Soares.
Marega não é um primor de técnica, não podemos esperar dele o virtuosismo dos dois citados anteriormente e vamos irritar-nos várias vezes com erros básicos, mas estando confiante e motivado, como parece ser o caso, dá profundidade, pressiona, não dá descanso às defesas, marca golos, é um jogador que pode ser muito útil ao plantel. Como se confirma, Marega se não é um craque e essa questão nunca se colocou, também não é tão mau como chegou a parecer quando ingressou no F.C.Porto e fez aquela meia época com José Peseiro.

Uma das coisas que aqui fiz muitas vezes referência na época passada, foi ao apoio constante que os adeptos do F.C.Porto, claques organizadas, mas não só, deram à equipa. Foi um apoio do princípio ao fim da época, muitas vezes em circunstâncias difíceis, mesmo em jogos que deram muito e receberam pouco, não houve contestação notória, nunca faltou apoio, ao contrário do que tinha acontecido em anos anteriores, por exemplo - já nem falo de Jesualdo, mas Vítor Pereira, Paulo Fonseca, Lopetegui e José Peseiro foram uns cristos. Nuno Espírito Santo, digo e repetirei quantas vezes for necessário, foi nessa matéria um privilegiado. Disse também que esperava que nesta época esse apoio se mantivesse, até porque, pelas razões conhecidas e que são bem evidentes, estamos em tempos de vacas magras, Sérgio Conceição tem feito muito com muito pouco, leia-se, apenas com jogadores que pertenciam aos quadros do F.C.Porto - Vaná é apenas a excepção que confirma a regra.
E até ao momento só posso estar feliz com o apoio que a equipa tem tido, com esta maré que pinta de azul e branco os estádios deste país...
Nota final:
É natural que os adeptos analisem tudo que diz respeito aos seus clubes com coração e paixão e sendo assim é perfeitamente compreensível que muitas vezes lhes falte rigor, isenção, equidistância quando comentam. Mas há limites, há linhas que não devem ser ultrapassadas. Por isso fico muito contente por ver que tanto no Porto Canal, obviamente nos espaços F.C.Porto, ou em qualquer outro orgão de comunicação social, não há nenhum Pedro Guerra - um ser abjecto, alguém que para defender o Benfica é capaz de dizer que é branco, mesmo quando é claramente preto - entre os portistas. Mas também não gosto de ver comentadores portistas, seja em que circunstância for, no Porto Canal ou fora dele, serem mais papistas que o papa. Vem isto a propósito da análise de António Perdigão ao lance sobre Aboubakar na área do S.C.Braga. Não vou ao ponto de dizer, como diz o meu amigo Jorge Vassalo, que depois daquele penalty sobre Jonas, o conhecido palhaço Bambi, até o lance sobre Brahimi é penalty. Mas não estou nada de acordo que António Perdigão tenha dito que o jogador do Braga tinha ganho a posição, o derrube não é faltoso, é um lance que deixa dúvidas, de difícil análise.
- Não, António Perdigão, o lance é claro!
Há um cruzamento para a área, Aboubakar controla bem a bola, fica com ela e em condições de criar perigo, o defesa do Braga, que estava por trás, logo, não tinha ganho posição coisíssima nenhuma, tenta o corte, não joga na bola, derruba o avançado camaronês do F.C.Porto. Admito que em lance corrido, o árbitro possa não ter visto bem o lance e o protocolo a que está sujeito o VAR, não lhe permitisse intervir, mas que é penalty, é e claro.

Como o post já estava feito, deixo também o meu post no facebook sobre a decisão do Conselho de Disciplina sobre o caso Eliseu:
«O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) revelou, esta terça-feira, que o processo em torno de Eliseu (Benfica) fosse arquivado, porque concluiu que não existem claros indícios de infração por parte do jogador do encarnado.»
Que o Conselho de Disciplina tomasse uma posição de princípio no sentido de não interferir, nunca!!!, em decisões dos árbitros e VAR, mesmo desconfiado, até era capaz de compreender e aceitar. Que perante imagens claras de uma agressão bárbara, o CD conclua que não há indícios claros, só posso dizer: vão gozar com as vossas primas!

Mas mais, quando Vasco Santos o árbitro que estava no VAR, chamado a pronunciar-se, diz o que podem ler na última foto, isto passa a ser um caso de polícia.
O Conselho de Arbitragem tem de tomar posição sobre isto, o presidente da FPF, Fernando Gomes, tem de deixar de ter medo do clube do regime, de ficar em silêncio e falar. Estes comportamentos ultrapassam todos os limites da decência. De que tem medo Vasco Santos? Estas ameaças ainda pesam sobre o árbitro da AFP? Ou é apenas o receio que o polvo se trace o mesmo destino que traçou a Marco Ferreira?

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