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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025



Se os plantéis têm grande qualidade, os jogadores estão de corpo e alma nos clubes e focados em atingir grandes feitos - e é importante dizer isto porque, por exemplo, após as grandes conquistas europeias do FCP os anos seguintes não foram fáceis. E não foram fáceis quer para Tomislav Ivic após a conquista da Taça dos Campeões Europeus de 1987 e pior depois da saída do treinador croata; não foram fáceis para os treinadores que substituíram José Mourinho e foram três, Del Neri, VÍctor Fernández e José Couceiro; nem para Vítor Pereira que sucedeu a AVB e passou as passas do Algarve. Tanto que pela vontade de muitos portistas tinha saído logo depois de um empate 2-2 frente ao Benfica no Dragão, empate que se seguiu a um nulo em Aveiro casa emprestada do Feirense. E é assim porque os jogadores incham, julgam-se grandes vedetas, passam logo a achar que são grandes demais para o FCP, mas também porque ao atingir o topo há uma tendência para relaxar. Ora, se é natural que a cobrança seja grande em plantéis de qualidade, já não deve ser a mesma em plantéis de qualidade mais que duvidosa. Como é o caso do FCP de há anos a esta parte em que a qualidade tem baixado muito, nesta época ainda mais depois do fecho do mercado de Janeiro. Jogadores diferenciados, geniais, daqueles que tiram coelhos da cartola e decidem jogos, marcando ou assistindo numa bandeja, onde estão? Este raciocínio não significa e isto que fique claro, que os treinadores não têm culpas no cartório. Têm, particularmente quando o FCP não se consegue impor, nem pela margem mínima, pior, até perde, com adversários como Nacional ou Gil Vicente, empata com Santa Clara, Rio Ave ou Vitória SC. Mas, como se tem visto, atacar os treinadores, reduzir as culpas apenas aos treinadores não faz qualquer sentido no actual FCP. 

Já há quem ataque Martín Anselmi e uma das razões são os três centrais. Os centrais do FCP não têm características para jogar nesse sistema, dizem. Até tenderia a aceitar se o FCP com o modelo tradicional de dois centrais fosse melhor, mas não era. Basta ver os golos sofridos na Madeira com o Nacional ou em Barcelos frente ao Gil Vicente, para não ir mais atrás. Mas mais, na época passada o FCP jogava muitas vezes assim. Projectava os laterais, João Mário ou Martim Fernandes na direita, Wendell ou Zaidu na esquerda, Pepe caía sobre a direita, Otávio sobre a esquerda e um dos médios, Alan Varela ou Eustaquio descia para o meio e completava o trio. O problema são os jogadores, seja com três ou com dois. Porque têm dificuldades em jogar rápido e simples, pressionados ficam logo à rasca e têm tendência em recuar, quando arriscam seja a sair ou no passe longo, quase sempre sai asneira. Portanto e para mim, ainda é cedo para fazer juízos de valor sobre o treinador argentino. Sem que a obrigação de tentar ganhar sempre seja colocada em causa, agora que só temos um jogo por semana, logo, mais tempo para treinar e ganhar automatismos que só o treino sistemático consegue, vamos criar as condições para que na próxima época as coisas sejam bem melhores, se junte a qualidade de jogo às vitórias. Também aproveitar este tempo até ao final da época para ver quem é quem, quem se assume e quem se esconde, quem tem aquilo que um profissional do FCP precisa - até podemos perder sempre, mas ninguém pode sair do campo sem a certeza de que deu tudo para ganhar - e quem não tem. 

Um bom exemplo para reflectir: se JNPC fizesse a vontade a alguns entendidos quando José Mourinho substitui Octávio Machado e perdeu em casa com o Beira Mar - num jogo muito polémico -, ou levou três secos do Belenenses, conseguiu o 3° lugar no último jogo em Paços de Ferreira, lá ia o Zé à vida... Não foi e ainda bem que não foi. E não foi necessário contratar craques. Bastou melhorar o rendimento dos que já cá estavam e juntar-lhes: Paulo Ferreira e Marco Ferreira, ex-Vitória F.C., Nuno Valente, Tiago, Derlei e Maciel, ex-União de Leiria, César Peixoto ex-Belenenses, Maniche ex-Benfica B e Jankauskas suplente no Benfica, Ricardo Costa, Pedro Emanuel e Bosingwa, ex-Boavista, Ricardo Fernandes ex-Académica, Benni Mc Carthy ex-Celta de Vigo, Pedro Mendes ex-Vitória S.C.. Depois jovens da formação, Hélder Barbosa 17 anos, Paulo Machado 18 anos, Hugo Almeida 20 anos, jovens que vieram do Brasil, Bruno Moraes 19 anos e Carlos Alberto também 19 anos. Como se pode constatar não eram craques oriundos do Real, Barça, Manchester, Liverpool, Juventus, Bayern... 

Nota final:
Não penso vencer uma prova europeia como aconteceu a dobrar com José Mourinho, mas com critério, sendo certeiro naquilo que o plantel precisa, o FCP pode voltar a ganhar a curto prazo. 

PS - É nisto que acredito agora, como foi em algo semelhante que acreditei quando José Mourinho substituiu Octávio Machado. Não tem a ver com presidentes, tem apenas a ver com o FCP.

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