domingo, 1 de junho de 2008
Aos poucos vão caindo as máscaras e fica demonstrado de forma clara, nítida e sem margem para dúvidas, os objectivos de toda esta pouca vergonha levada a cabo pela Liga e agora também, pela F.P.Futebol, para prejudicar o F.C.Porto, Campeão de pleno direito, em favor do quarto classificado na última Liga Bwin.
Depois do vermelho que preside a C.Disciplinar, ter há muito deixado cair a máscara - a propósito deste senhor, o parecer do Professor Catedrático da Universidade de Coimbra, Manuel Costa Andrade, arrasa-o completamente e coloca-o ao nível de um qualquer aprendiz de jurista, que na ansia, lamentável, de se auto-promover e elogiar, esqueceu príncipios sagrados da função que exerce: discrição, isenção e distanciamento. Ver post anterior- , agora, foi a vez da Federação do risível Gilberto Madaíl, perder a face e deixar bem à vista quais são os seus objectivos.
Ao responder rapidamente ao pedido do Benfica de envio para a UEFA do processo Apito Final - Madaíl diz que foi a UEFA, que lê jornais e vê televisão a pedi-lo, mas eu não acredito - a F.P.F. pela mão de João Leal - quem é este senhor? Tem algum parentesco com o Cunha Leal que foi comissário do Benfica na Liga? Ou é apenas coincidência de nomes? - mandou para o organismo que superintende o futebol europeu um documento que pela forma e conteúdo, lesa gravemente os interesses do F.C.Porto e lhe pode trazer problemas gravíssimos.
Tudo isto é sintomático: a Liga, através da C.Disciplinar e a F.P.F., tudo estão a fazer para afastar o Campeão da principal prova da UEFA e colocar no seu lugar o quarto classificado, o clube do Vieira, que incapaz de conseguir dentro do campo esse desiderato, procura fora do campo, com o apoio cúmplice das entidades referidas, atingir uma prova para a qual não se classificou, por incompetência, no jogo jogado.
Fica o documento enviado à UEFA pela F.P.F.:
1. Ficou provado que a "Futebol Clube do Porto - Futebol SAD", sociedade desportiva, cometeu a infracção disciplinar muito grave de "corrupção da equipa de arbitragem", punida pelo artigo 52, parágrafos 2 e 3 do Regulamento Disciplinar de 2003/04, com referência ao parágrafo 1, na forma tentada, com a pena de subtracção de três pontos na classificação geral, derrota no jogo que tentou corromper, substituída por uma multa de cinco mil euros, de acordo com o artigo 37, parágrafo 3 do Regulamento Disciplinar de 2003/04, e por uma multa de 60 mil euros.
2. Ficou provado que Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, presidente do conselho de administração da "Futebol Clube do Porto - Futebol SAD", cometeu a infracção disciplinar muito grave de "corrupção da equipa de arbitragem", punida pelo artigo 100, parágrafos 1 e 3 do Regulamento Disciplinar de 2003/04, na forma tentada, com a pena de 14 meses de suspensão de exercício de funções oficiais em actividades desportivas e uma multa de quatro mil euros. (...) (...) Também informamos que o F. C. Porto não apresentou recurso das decisões da Comissão Disciplinar da Liga, pelo que as decisões tomadas contra o F. C. Porto são finais e vinculativas, pois a data limite para a apresentação de recursos já expirou. Apenas Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do F. C. Porto, apresentou recurso da decisão da Comissão Disciplinar da Liga.
Nota final: o F.C.Porto está a sofrer um dos mais violentos ataques da sua longa e riquíssima história.
Nota final: o F.C.Porto está a sofrer um dos mais violentos ataques da sua longa e riquíssima história.
A hora para a família portista deve ser pois de cerrar fileiras, de unidade, de puxarmos todos para o mesmo lado - mesmo que eventualmente tenhamos discordâncias sobre esta ou aquela posição tomada pelo clube - , se nos dividirmos, se abandonarmos o barco... as coisas ficarão piores e é o futuro do F.C.Porto ganhador e Campeão que estará em causa.
Saibamos honrar as nossas tradições de portistas militantes e tenhamos consciência de uma coisa muito importante: foi preciso muito trabalho, muita luta, muito entusiasmo sem desfalecimento, para aqui chegarmos. Vamos agora deitar tudo a perder, fazendo a vontade aos nossos adversários?
Eu por mim digo claramente e desde já: aconteça o que acontecer, na época 2008/2009, lá estarei no meu lugar anual.
Ainda a este propósito, resolvi publicar o artigo do jornalista António Simões na ABOLA de hoje e que entendo paradigmático da forma como a F.P.F. tratou o F.C.Porto.
PAPEL DE PILATOS:
Domingo, lembrei-me de O Processo, de Josef K. preso por crime que não sabia. Cínico, um guarda explicou-lhe apenas que a autoridade nunca procura a culpa, faz o que está na lei – e a lei é haver sempre alguém atraído pela culpa, a cair-lhe nas mãos. Ao longo do romance de Kafka percebe-se que K. apenas comete uma falta: a desobediência. Discute com os carcereiros, faz polémica com o inspector, recusa informações ao juiz, não se submete à força dos poderosos, cobiça mulheres alheias – mas como a Bíblia determina que desobedecer pior do que crime é pecado mortal, executam-no após largar em murmúrio: «Um único carrasco poderia substituir o tribunal inteiro...» Claro, há diferenças entre um caso e outro – e o que me chocou foi perceber os tiques kafkianos saltitando, dissimulados, nas entrelinhas da comunicação que a FPF enviou à UEFA. Começava assim: Ficou provado que a FC Porto cometeu infracção disciplinar muito grave de «corrupção da equipa de arbitragem» - e só 22 palavras depois aparece a... «forma tentada»! De defesa, nem subtil indício. É, quem julga que nunca há excesso na virtude esquece-se de que não há virtude onde há excesso. E ali houve excesso – de zelo, de farisaísmo. Que obrigou o Dr. Madaíl a dizer, compungido, horas depois, o que deveria ter dito antes: que a FPF exigirá «equidade» à UEFA. Era o mínimo – porque, se a lei tem o espírito que alguns lhe querem dar, a Juventus está no mesmo pé. E porque o seu afastamento da Liga dos Campeões não seria apenas trágico para o FC Porto, sê-lo-ia para todo o futebol nacional – pela imagem que daria e pela caixa de Pandora que abriria, a FPF tinha pelo menos o dever moral de «comunicar» de forma diferente à UEFA , explicando, por exemplo, por que é que o FC Porto (na minha opinião mal, muito mal!) não recorreu e o seu presidente sim. Não sei se resolveria alguma coisa - mas pelo menos não fazia papel de Pilatos ou de guarda a falar da culpa a K....
Será que depois deste artigo, Madaíl vai fazer ao A.Simões o que fez ao JN? Ameaça de processo crime?