quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Na primeira-parte, assistimos a uma belíssima demonstração da fábrica de talentos, que é este Arsenal de Arsène Wenger. Com um modelo - muita posse de bola, pressão alta, qualidade de passe e de recepção - bem definido, bem trabalhado, perfeitamente sistematizado e que funciona, independentemente dos intérpretes - por exemplo, faltaram V.Persie, Adebayor, C.Fabregas, etc. -, a equipa inglesa, dominou e jogou bem melhor que o F.C.Porto. A equipa azul e branca, na primeira metade da partida, nunca encontrou o antídoto para contrariar o melhor futebol da equipa inglesa, porque ocupou mal os espaços, não pressionou, foi incapaz de ter bola, errou muitos passes - principalmente, por Fernando - raramente criou perigo e pode dizer-se, marcou um golo que lhe deu uma vantagem, que não justificou.
Na segunda-parte tudo foi diferente para melhor. O F.C.Porto sofreu uma metamorfose e isso deveu-se em primeiro lugar, ao seu trinco: Fernando que tinha sido a um desastre, não a desarmar, mas a entregar, fez uns segundos 45 minutos brilhantes, ao nível do melhor Paulo Assunção. Tomou conta do meio-campo e se continuou a desarmar bem, passou a entregar bem, levou a equipa às costas, os espaços passaram a estar bem preenchidos, a pressão aumentou, passamos a ter bola e a trocá-la com segurança - pareciamos o Arsenal da primeira-parte e até deu para uns olés -, começamos a criar jogadas atrás de jogadas, de golo iminente, marcamos por Lisandro e ficamos a dever vários golos à falta de tranquilidade e de qualidade, no último passe, situação a rever no futuro. Podiamos, com um pouquinho de sorte, ter retribuído a goleada, com que a equipa londrina nos brindou, no jogo do Emirates Stadium.Foi tudo somado, um belo jogo de Liga dos Campeões, um jogo em que a beleza do contraste, entre um futebol de posse e um futebol de contra-ataque, fez com que ninguém que foi ao Dragão, desse por mal entregue o seu tempo.
Ah, o vencedor foi justo e o Porto da segunda-parte, se for para valer, promete muito.
O melhor do F.C.Porto, para mim, foi Fernando, num conjunto de exibições, em que ninguém esteve abaixo dos mínimos.
Agora vamos esperar pelo dia 19, dia em que ficaremos a saber quem nos vai calhar na sorte.
Entre: Inter, Chelsea, R.Madrid, A.Madrid, Villarreal e Lyon, eu dispenso bem o campeão espanhol, o Chelsea e o Inter, que serão favoritos. Com os outros podemos perder, mas também podemos ganhar. Seremos tão favoritos como eles.
Declarações de Jesualdo:
Responsabilidade e concentração
«Devo começar por dizer que tudo o que referi ontem no lançamento deste jogo, os jogadores entenderam bem e praticaram melhor. Ganhámos com inteira justiça, perante uma equipa jovem, constituída por jogadores muito dotados mas já com muita maturidade. O F.C. Porto apresentou uma equipa jovem, nova, no que diz respeito à experiência e maturidade neste nível competitivo, mas os jogadores foram capazes de encarar sem hesitações este jogo de pressão alta, que serviu para aumentar os nossos níveis de concentração e responsabilidade».
Resultado aquém do merecido
«Fomos capazes de contrariar o jogo do Arsenal e, acima de tudo, fomos capazes de perceber que poderíamos chegar mais longe. Fizemos uma segunda parte excelente e, perante aquilo que produzimos, o resultado acaba por ficar aquém do que merecíamos. Foi um bom fecho para a fase de grupos, conquistámos o primeiro lugar, que é o facto mais importante e que acabámos por merecer devido à nossa fase recente em crescendo contínuo. Convém relembrar que este é o segundo ano consecutivo que nos qualificamos em primeiro lugar no grupo, facto que muita gente esquece».
Crescimento da equipa
«Este foi um degrau importante no crescimento da equipa. A equipa está longe de se poder dizer consolidada, mas cresceu muito e hoje deu um passo importante nesse crescimento. Este foi, de todos os jogos disputados pelo F.C. Porto esta época, aquele em que mais tempo fomos capazes de ser constantes e equilibrados. Não tenho dúvidas de que somos mais responsáveis agora, mas sabemos que quanto mais estamos lá em cima, quanto mais ganhamos, maior é a responsabilidade. É importante darmos estes passos e os jogadores sabem que não têm limites para crescer».
Mais felizes que no ano passado
«O F.C. Porto foi infeliz frente ao Schalke. Fomos melhores nos dois jogos, mas fomos infelizes. Porque não pensar que podemos ser mais felizes este ano? Esta equipa é mais potente e pode ambicionar a mais. O nosso desempenho futuro vai depender de vários factores: do nível dos adversários, do desenvolvimento mental e táctico da equipa e a única forma que eu conheço para melhorar esses níveis é com treino, de modo a fazer desenvolver estes jogadores. No entanto, não é fácil fazer tudo isto perante a cultura de exigência do clube, fazê-lo a ter que ganhar todos os dias».