«Algumas dúvidas (nalguns casos já certezas) inundam os espíritos dos sócios do FCP nestes tempos menos felizes. Segundo creio são dúvidas de várias índoles: por um lado dúvidas acerca da capacidade técnica de quem representa o nosso clube (jogadores, treinadores), em que a dúvida é “terão eles competência para vestir tão pesada camisola?”; por outro lado dúvidas sobre a postura profissional dos mesmos, “serão eles os profissionais a que o nosso clube nos habituou?”
São dúvidas legítimas, não me custa reconhecer, no entanto, e não deixando de dizer que noutros tempos (não muito longínquos) também eu as tive, espanta-me, sinceramente, a facilidade com que profissionais que já mostraram o que valem passam de competentes a focos de problemas. E não, não falo sequer de Jesualdo. Penso que o universo portista, com excepções que muito me agradam de que é exemplo o comentário de Fimoze, está a cair no erro de confundir a cultura de exigência que sempre nos marcou com a cultura da intolerância que muitos estragos fez/faz por outros lados deste nosso país.
Numa altura da nossa história em que somos atacados por todos os lados, e num dia em que mais uma situação lamentável (pela desonestidade intelectual que preconiza) é dada à estampa, é com pesar que vejo os adeptos divididos sobre o momento do clube. E divididos é uma estimativa optimista da minha parte…Todos reconhecemos que a equipa está a jogar abaixo daquilo a que nos habituou nos últimos anos (com algumas excepções que alguns esquecem) mas, que diabo, as nossas aspirações, independentemente de todos os condicionalismos que vão surgindo, estão intactas, em todas as frentes. Obviamente que o que vemos não nos tira as dúvidas que pensávamos já não existir nesta fase da época mas será que a crítica feroz, intolerante em alguns casos, nos leva a bom porto?
Não se estarão alguns a esquecer que uma equipa é a soma das individualidades e que cada individualidade é um caso humano que convém perceber e integrar? Não estaremos, todos, a pedir a lua quando o momento é de reconhecer as nossas fragilidades e, juntos, potenciar o que de bom temos e deixarmos para outros a crítica fácil? É que para dizer mal de nós temos sempre quem se preste.A equipa está num momento difícil? Está, claro. Para mim de índole psicológica e não tanto de natureza técnica, porque já tivemos exemplos (poucos para o nosso gosto) que a qualidade existe. Estaremos nós a ajudar a equipa a ultrapassar os seus receios e as suas inibições? Estaremos nós a ajudar quando questionamos alguém que desde que chegou se comporta com um dos nossos? Todos nós somos treinadores de bancada, já se sabe, mas talvez ele saiba um pouco mais do que nós. Talvez…E a nossa estrutura? Perdeu ela as qualidades que nos trouxeram até aqui? O seu silêncio e a ausência de gestos (que também já critiquei), terão algum fundamento? Não serão eles competentes para saber o que fazer neste momento?Não gostariam eles que o apoio (o único que podem ter) da nossa parte não cessasse?Estaremos nós a dar o apoio que nestes momentos difíceis a equipa precisa?
E a equipa no relvado, já viram alguém a não meter o pé? Os “patinhos feios” será que merecem o estigma de que sofrem? Não serão eles vítimas também de tudo aquilo que rodeia a equipa nesta fase? É que de todos eles já vimos boas exibições (eu pelo menos vi).Não se pode ganhar sempre (mais ainda quando as regras não são iguais), mas o que eu peço aos nossos jogadores é que suem sempre a camisola e que saiam de campo de consciência tranquila. Eu, contrariamente ao que alguns dizem, vejo isso nesta equipa. Tem espírito.
Peço desculpa pela extensão do comentário mas sinto que o universo portista está inundado de um sentimento intolerante que me causa incompreensão. Foi a confusão entre exigência e intolerância que levou alguns a um caminho de que só saíram muito tempo depois. Eu não quero caminhar nesse sentido.»
PS- Mr.Blue tem um blog sobre cinema. Quem apreciar a 7ª arte, passe por lá...garanto que vale a pena.
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