segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Como não me canso de repetir, as pré-épocas servem para preparar as épocas, os resultados são sempre importantes, mas não devemos ficar deprimidos quando eles são negativos nem eufóricos quando são positivos. O importante é preparar o plantel para uma temporada difícil e desgastante, dar o mais tempo de jogo possível a todos, detectar e corrigir o que está mal, sistematizar o que está bem. Depois de dois jogos menos conseguidos frente aos alemães do Borussia Monchengladbache e do Schalke, apesar dos resultados, derrota pela diferença mínima e empate a zero, não serem motivo de grande preocupação, o F.C.Porto, como se esperava, surgiu melhor na Colónia Cup O conjunto orientado por Julen Lopetegui teve uma participação muito positiva, notória evolução em relação aos jogos anteriores e não deixou os seus créditos por mãos alheias. Agora é continuar a afinar a máquina, tomar as últimas decisões, esperar que ninguém dê um tiro no porta-aviões, levando-nos alguns jogadores que são fundamentais.
Olhando para o tempo de jogo de cada um em Colónia e esquecendo os guarda-redes que não foram utilizados - Ricardo Nunes deve sair, Gudiño saltará entre a B e a A -, temos que Casillas fez um jogo completo e Helton outro; nas laterais Maxi (65+30), Ricardo (25+60), Maicon (90+0), Lichnovsky (0+60), Martins Indi (45+90), Marcano (45+30), Alex Sandro (65+30), José Ángel (25+60), Rúben Neves (38+60), Danilo (52+30), Imbula (45+40), Sérgio Oliveira (12+45), Evandro (20+21), André André (78+0), Bueno (0+45), Herrera (25+29), Tello (45+60), Brahimi (65+30), Varela (45+60), Hernâni (25+0), Adrián (0+30), Aboubakar (65+45) e André Silva (25+45). O tempo de jogo pode não significar nada, mas em dois ou três casos pode significar alguma coisa. Vejamos, por sectores:
Na defesa e em princípio, estão encontrados os oito que vão começar a época. Se não houver uma surpresa que ninguém deseja, a saída de Alex Sandro, temos dois laterais que oferecem garantias, um do melhor que há, Alex, o outro, Maxi, experiente, fiável, que dá segurança e profundidade, sem esquecer os lançamentos laterais. Como suplentes, Ricardo não é Maxi, tem algumas deficiências de colocação, mas é um jovem que gosta de trabalhar, aprender, dá as garantias necessárias para que não fiquemos de coração nas mãos quando joga. José Ángel, não é Alex, um clube como o F.C.Porto não tem possibilidades de ter jogadores top para todos os lugares, mas na época passada já mostrou que não é tão mau como foi no jogo com o Borussia. Sem deslumbrar, melhorou em Colónia, mas precisa de recuperar os níveis de confiança. No centro da defesa, Maicon, Indi e Marcano estão certos e são credíveis, Lichnovsky é um jovem com capacidade e potencial, ainda comete erros, mas se até os mais velhos cometem... Continuo a bater na mesma tecla: contratar alguém para o lado direito do centro da defesa, só acima da média, um jovem para se fazer, não vale a pena, fiquemos com o chileno. Para o ano acredito que Diego Reyes vai regressar mais forte, com mais tempo de jogo e mais capaz.
No meio-campo, Rúben e Danilo, são os chamados seis, Imbula, André André, Sérgio, Bueno - concordo e acho feliz a expressão de Lopetegui sobre o seu compatriota, um avançado disfarçado de médio - Evandro e Herrera podem ocupar as outras posições do sector intermédio. Se vier o tal médio criativo que tenha o que Quintero não tem e parece pouco interessado em ter, é provável que alguém saia. Não dão palpites, mas mais à frente abro uma excepção e explico porquê, em relação a Sérgio Oliveira.
No ataque, Tello, Brahimi, Varela, Aboubakar estão de pedra e cal, se tal como referi em relação a Alex Sandro, ninguém perder a cabeça por Brahimi. Adrián e Hernâni estão na corda bamba. O ex-Vitória, não sei se parece triste porque já se apercebeu que tem o destino traçado, se porque não tem tido o tempo que julgava merecer, baixou a guarda, atirou a toalha, acha melhor ir para outro lado. Está um jogador triste, conformado e num plantel tão competitivo isso não é bom. É preciso cerrar os dentes, ir à luta, dar tudo, mostrar atitude, carácter, dizer ao treinador que quer contar. Com a chegada de Osvaldo, André Silva passa a terceiro ponta-de-lança. Não vem mal ao Mundo, mas espero que continue a trabalhar na A e quando não for convocado jogue na B. André precisa de crescer, evoluir naturalmente e nada melhor que fazê-lo ao lado de gente experiente e de valor. Ficámos com cinco avançados e meio, Bueno, talvez precisemos de alguém para os flancos, se puder fazer os dois melhor, mas tal como disse na questão do central, só se for alguém que a priori e teoricamente, dê garantias.
Mais algumas notas:
Aprecio equipas que gostam de ter bola, saibam trocá-la, aprendi isso a ver jogar as equipas de José Maria Pedroto. Não gosto de equipas escravas da posse de bola. Isto é, se numa equipa, os médios em particular, sem esquecer os centrais, não têm espaço, estão pressionados, não me incomoda nada que lateralizem, joguem para trás e até com o guarda-redes. Mas se há espaço, não há que hesitar, é ir por ali, criar desequilíbrios, assistir ou rematar. Esse é um problema do F.C.Porto nos últimos anos - não é exclusivo de Lopetegui -, muitas vezes há espaço, mas os jogadores que ocupam os lugares referidos, parecem viciados, sistematizados, tendencialmente preferem jogar pela certa, não arriscam. Ora, isso pode ser da forma como treinam, podem ser ordens do treinador. É a teoria que só há uma bola, se está em nosso poder... Claro que numa equipa que projecta os laterais, tem de haver cuidados quando os centrais sobem, mas se os laterais estão bloqueados, porque não sobem e arriscam os centrais, em vez de estarem a dar chutos para a frente ou a trocar a bola cá atrás? Basta que o médio mais defensivo, o trinco, esteja atento, se o central sobe, ele fica.
Também falta poder de tiro de fora e também é um problema que tem anos. Ontem pareceu ver uma maior disposição para atirar à baliza, mas ainda há muitas hesitações. Sendo assim, para mim, seria uma enorme surpresa que Sérgio Oliveira não ficasse no plantel. Sim, para além de outras virtudes, é português, portista, sabe jogar à bola, está mais agressivo, Sérgio não pede licença para rematar à baliza e nem precisa de muito espaço nem preparação para, de pé direito ou esquerdo, tentar a sua sorte. Este tipo de jogadores são importantes num plantel. E se o médio da formação do F.C.Porto, neste momento, pode não ser um titular indiscutível, é um jogador com características que o recomendam no grupo para 2015/2016
Nota final:
Segundo análise do David, Tonho e Quim, o campeão da pré-época é o... Not Sporting Lisbon!