sexta-feira, 10 de agosto de 2018
Desde sempre existiu uma diferença significativa entre os chamados 3 grandes e os pequenos - recém-promovidos ou clubes sem capacidade económica e social de 1ªdivisão.
Mas num determinado período - final década 90 até perto de 2010 - este fosso diminuiu com mais clubes de classe média a conseguirem manter os seus melhores jogadores ou a irem buscar boas e baratas alternativas para os seus plantéis.
Mas desde há algum tempo a esta parte, 7, 8 anos que se deu um crónico acentuar de clubes pequenos e com isso a redução da qualidade do futebol praticado.
Para mim, um dos problemas teve a ver com a repartição dos direitos televisivos e que começou quando o benfica optou por efetuar uma negociação com um operador a título individual, deixando os outros na mão.
Assim, em vez de se optar pelo modelo inglês, onde a Premier League negoceia com as televisões e depois reparte o bolo por todos, optamos por negociar individualmente. E tirando o futebol espanhol - modelo parecido com o nosso -, é o futebol inglês que melhor tem aproveitado esta situação, pois clubes “pequenos” lá conseguem contratar bons jogadores por 30 ou 40 milhões, o que equilibra por cima a qualidade do futebol.
Mas nós cá e como o benfica optou por querer ser grande á força, tentando diminuir a competição interna - percebe-se porque não gostam de competir na Champions -, deixando assim na mão os clubes mais pequenos que não tiveram a mesma hipótese de negociar bons contratos dos direitos televisivos - que a Sport TV tem aproveitado a seu belo prazer...
Assim, o que esperar deste campeonato ao nível da qualidade do jogo táctico e técnico?
É que com a saída dos jogadores de "classe média" do nosso campeonato, conjugado com uma não divisão justa e equitativa dos direitos de transmissão de jogos, originou um claro enfraquecimento do nosso futebol.
Obviamente, os clubes de classe média perderam bons jogadores e de boa qualidade que optaram por ir ganhar mais dinheiro no estrangeiro e hoje temos muitos mais clubes que jogam um futebol fraco e que perderam qualidade individual e claro, a qualidade coletiva ressente-se. Aliado a este facto,r temos ainda que o campeonato português passou de 16 para 18 equipas. Ou seja, temos mais jogos de fraca qualidade, que não cativam adeptos e assim cada vez mais os estádios estão vazios ou perto disso. Logo, o retorno financeiro para o clube é só através da venda de um ou outro jogador, ou das fracas receitas de bilheteira, com bilhetes caros para o espetáculo praticado. Não admira por isso, que muitos clubes se tornem dependentes de outros que jogam na mesma liga para assim receberem jogadores emprestados, algo que já há muitos anos deveria ter sido corrigido.
E é aqui que acho que a Liga e a FPF deviam intervir e rectificar o que está errado, tentando elevar a qualidade do futebol praticado.
Para isso e uma vez que o campeonato ficou mais fraco, poderíamos optar por passar a ter apenas 12 equipas, os 3 grandes, mais uma classe média interessante - por exemplo, Braga, Guimarães e apenas um clube na Madeira -, mas com real força e mais 6 equipas, fazendo uma primeira fase com 22 jogos a duas voltas - todos contra todos - e depois uma fase final dos 6 primeiros a lutar pelo titulo - exactamente com os mesmos pontos conquistados na 1ªfase - e outra dos 6 últimos - na luta pela permanência, descendo apenas 2.
Na 1ª Liga teríamos com toda a certeza uma qualidade muito maior, pois mais clubes de classe média iriam ter mais jogadores de qualidade comprovada, muito mais adeptos nos estádios, maior interesse televisivo.
Depois deveria existir uma divisão na 2ª Liga em zona norte e zona sul - 18 equipas em cada divisão - e no fim os 2 primeiros classificados de cada divisão jogavam numa fase final entre si, meias-finais e quem ganhava ia á final e subia á 1ª Liga e o vencedor da final seria campeão.
Isto originaria 48 equipas de futebol profissional na liga, e com menores despesas de deslocação principalmente na 2ª Liga.
Nesta altura temos 18 + 24, ou seja, 42 equipas, mas com despesas muito maiores devido a deslocações e poucos espectadores para fazerem essas deslocações longas. Mas 18 equipas em cada divisão iriam originar mais jogos a nível regional, o que iria motivar mais espectadores e participarem e a apoiarem as suas equipas dentro e fora de casa - deslocações mais curtas.
Na Taça de Portugal, independentemente do sorteio, a equipa melhor classificada à altura do sorteio, jogaria sempre fora e apenas a um jogo desde o início até ao fim.
Na Taça da Liga, metodologia igual à Taça de Portugal na fase a eliminar e na fase final de 4 grupos, os 2 melhores classificados de cada grupo jogariam apenas 1 jogo em casa e 2 fora, e manter a final- four como foi o ano passado, pois é interessante esse modelo.
Julgo que estas medidas iriam elevar os índices competitivos e de qualidade do futebol em Portugal com uma 1ª Liga de valor acrescido, onde se iria valorizar a qualidade dos atletas e uma 2ª Liga com menores encargos, podendo assim os clubes que querem lutar para subir ter mais dinheiro para contratar jogadores de qualidade.
E claro, assim o clube do regime iria ter mais dificuldade em controlar 6 ou 7 clubes que jogam atualmente na 1ª Liga, pois não se poderia emprestar jogadores, fosse de forma direta, fosse de forma encapotada como o fazem atualmente.
Possivelmente esta ideia para um campeonato mais competitivo não interessa à maioria dos clubes em Portugal, pois seriam menos 6 clubes na 1ª Liga, logo menos 3 jogos por jornada. Mas sejamos sinceros, são cada vez mais os adeptos que preferem ver jogos internacionais e menos o campeonato português devido á fraca qualidade apresentada e assim com os jogadores de classe média melhor distribuídos por menos clubes na 1ª Liga, acredito que seria uma 1ª Liga mais interessante, e onde um “Leicester” podia ganhar um título de 5 em 5 anos, ou pelo menos ficar bem perto.