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sábado, 1 de setembro de 2018


Que somos um povo hospitaleiro toda a gente sabe. Basta ver na baixa a paciência que nós condutores profissionais temos, em deixar andar a multidão de turistas pelo meio da rua, mostra bem a nossa simpatia. Se fossem portugueses eram arrumados para o passeio com expressões simpáticas de “sai da frente ó filho da p…”!
Transpondo esta generosidade para o futebol, os portugueses adoram ter nas suas equipas jogadores estrangeiros. Porque são de fora, são craques, vieram barato e vão por um balúrdio. Mas a realidade é totalmente diferente. Bem diferente e para pior, salvo raras excepções que apenas confirmam a regra.
Aparte um caso curioso: há algum tempo atrás, esta moda aplicava-se e de que maneira aos treinadores. Se queríamos um treinador bom, tinha que ser estrangeiro, e na minha opinião os únicos estrangeiros que me deixaram impressionados foram Ivic - não se riam, é verdade! - e o majestoso e profundo conhecedor de futebol, Sir Bobby Robson - Yustrich não é do meu tempo.
No FC PORTO, desde que me lembro, estrangeiros de classe mundial já tivemos alguns: Cubillas, Kostadinov, Madjer, Mlynarczik, Branco, Celso, Geraldão, Jardel, Lucho, James e Falcao. Também tivemos outros numa escala, para mim ligeiramente abaixo mas que nos deram imensas alegrias como: Hulk, Jackson Martínez, Guarín, Fernando, Paulo Assunção, Belluchi, Alenichev, Derlei e o inenarrável Juary.
Estes jogadores que mencionei, e peço desculpa por 2 ou 3 que me escapam da memória, chegaram ao FC PORTO e pegaram de estaca. Não deixaram dúvidas na sua qualidade e pode-se dizer que também vieram para ensinar os jovens portugueses que fizeram do futebol a sua profissão.
Hoje é totalmente diferente. Compra-se às carradas como quem vai ao hiper e enche o carrinho. Se de lá sair uma promoção, um bónus, um artigo de qualidade é como se diz cá, uma fezada. O que importa é comprar e depois logo se vê. Os adeptos na sua ânsia de exigência e sucesso da equipa, querem mais e mais. Louva-se a sua intenção, mas os adeptos não são as… direcções. Estas têm que ser racionais, controladas e manter o clube estável sem olhar ás opiniões do Manel, do Joaquim ou do Felisberto!
Contudo, pelo menos em Portugal, as SAD’s tem a mania de fazer a vontade aos sócios com milhentos reforços. Como na política está em voga o populismo, no futebol está na moda os “reforços” para adepto engolir! Assim todos são como Pilatos, lava-se as mãos e não se fala mais nisso, até que se descubra que o clube tem a seu cargo uma meia centena de jogadores profissionais - como vêem, também critico Pinto da Costa! Chegaram ao Dragão, Militão, Jorge, Mbemba, João Pedro, Bazoer, Marius. Tudo juventude, tudo abaixo dos 24 anos. O sucesso deles será o nosso sucesso, mas uma questão me intriga: deste leque de jogadores que chegaram, não há na nossa formação, não há em Portugal, jovens com a mesma qualidade?
Quem tem 21 anos e é estrangeiro é reforço, e quem tem 21 anos e é português - original ou naturalizado isso não interessa ao caso, desde que seja da formação -, tem de subir o Sameiro de joelhos? Que provas de grande qualidade deram Mbemba, João Pedro, Bazoer e até Marius, que não deram - olhem até são estrangeiros também - Omar Govea, Galeno ou Oleg, Chico Ramos, Tomás, Fernando Fonseca, sem esquecer os esquecidos Rafa Soares, Víctor García, David Bruno e por aí fora… Ou então por ser português tem que primeiro sujeitar-se ao teste do empréstimo e dar cartas, ou hipocritamente fazendo notar que não contam mais com eles como os jovens emprestados ao Real Cartagena da… 3ª divisão espanhola?
Que me responda quem souber, desde que não seja empresário.
Sou dos que dizem que a selecção não me diz nada. É verdade até ao momento em que começa a jogar, mas depois o bichinho é forte de mais para desdenhar e uma das coisas que mais me entristece a alma, é ver hoje em dia o clube Portugal jogar sem jogadores do FC PORTO! Ou então ter lá um ou dois que nem sequer são titulares absolutos. O que quer dizer que o meu FC PORTO está vazio de talentos feitos em casa! A muitos, aqueles que são PORTO porque ganha, isso passa-lhes ao lado. A mim porque sou PORTO em todos e qualquer momento, um gajo que sabe o que é jejuar títulos no futebol, ou ver a virgindade ser rompida ao fim de imensos anos - hóquei em patins - é como se um crime de guerra esteja a ser cometido, tamanha é a atrocidade. Repito mais uma vez para dissipar dúvidas: sou pelos reforços, não pela quantidade, mas pela qualidade, pelo FC PORTO de há 10 anos atrás onde havia 2 jogadores de craveira para cada posição. Como não sou cego nem injusto, sei que as leis do mercado se alteraram. Sei que hoje em dia um jogador que marque um golo num jogo importante quer logo rasgar contrato. Sei bem que um puto com habilidade num pé já tem empresário e se for bom dos dois aos 16/17 anos já está num Barcelona, Arsenal ou Liverpool a vegetar, a desperdiçar uma carreira que poderia ser de sonho, mas que o papá mais o seu empresário, ávidos de dinheiro ignoraram que ao matar a galinha dos ovos de ouro, já não há mais… ouro! Os ditos reforços, desde que sejam isso mesmo na sua verdadeira acepção do termo, são por mim muitíssimo bem vindos, e não Adrián López ou Buenos, ou o caso mais flagrante de dinheiro desperdiçado, Óliver Torres! Ou só para chatear um ou dois amigos, na política de reforços, Lopeteguis nunca mais.

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