Com o Sporting a 8 pontos do F.C.Porto e a jogar em casa, seria expectável que a equipa leonina entrasse com tudo, corresse riscos na procura da vitória - não foi há muito tempo que não faltavam elogios ao leão, afinal, contra as expectativas, os viscondes eram verdadeiros candidatos ao título, diziam os entendidos. Mudaram? Era natural que fosse o Sporting a correr mais riscos, o F.C.Porto podia esperar para ver. Não foi assim por parte da equipa lisboeta, mesmo jogando melhor que um Porto adormecido e sem muita vontade de acordar, raramente o conjunto de Marcel Keizer criou grandes problemas, Casillas raramente foi obrigado a aplicar-se. Portanto, ligeira superioridade leonina, mas o nulo ao intervalo ajustava-se ao desenrolar da partida.

Na 2ª parte, sem ter sido brilhante, tendo faltado muitas vezes encontrar as melhores opções e definições, mais qualidade de passe, as melhorias da equipa campeã nacional e que a levaram a um período que esteve mais próximo do seu valor, por cima no jogo, para mim, passaram muito pela entrada de Óliver. Com três médios, numa equipa em que nem Brahimi nem Corona são alas típicos - Brahimi, ainda para mais, está condicionado - como eram por exemplo, Jaime Magalhães ou Drulovic - jogadores que faziam o vai vem com naturalidade, ao contrário do argelino e o mexicano, embora Tecatito tenha registado grandes progressos que até lhe permitem jogar como lateral-direito, sem que a barraca abane -, a equipa ficou mais equilibrada, conseguiu ter mais bola, circular, sair com mais qualidade, passou a dominar, superiorizou-se, no seu melhor período podia ter chegado ao golo. Não chegou e na parte final pareceu contentar-se com o empate, o Sporting ainda tentou, mas sem grande convicção.

Resumindo:
Muitas faltas, jogo muitas vezes parado, muitos passes errados, poucas oportunidades - a mais clara foi o falhanço clamoroso de Soares aos 56 minutos -, nunca houve grande domínio e superioridade de nenhuma equipa, quer quando na 1ª parte o Sporting esteve melhor, quer quando na 2ª foram os Dragões a estar por cima. Num espectáculo que esteve longe de ser brilhante e embora o F.C.Porto no seu melhor período estivesse melhor que o Sporting no seu, tudo somado é um resultado que se aceita pacificamente.

Notas finais:
Bruno Fernandes devia ter vindo para a rua no tempo de descontos da 1ª parte, não veio porque Hugo Miguel, o representante da Macron - marca que equipa o Sporting -, não quis. Mesmo sabendo que se fosse ao contrário, num lado e do outro da Segunda Circular, ia haver choradeira, falatório, quem dissesse que com menos um na 2ªparte, a vitória não fugiria, não vamos por aí, fazer desse erro a causa da perda de 2 pontos.

Não chegamos às 19 vitórias consecutivas, não vem daí mal ao mundo - era bonito continuar, mas já estava a ser obsessivo, um factor que funcionava contra os Dragões. Todos queriam ser os primeiros a parar um ciclo que mesmo assim, foi fantástico e histórico. Importante é referir que no final da 1ª volta lideramos com 5 pontos de avanço sobre o 2º classificado, uma margem que obviamente não é decisiva, mas dá alguma tranquilidade ao conjunto de Sérgio Conceição. Melhor ainda, quando já jogamos na Luz e em Alvalade. Paralelamente a isso, estamos nos oitavos da Champions, na final-four da Taça da Liga e nos quartos da Taça de Portugal, pedir mais é uma exigência excessiva, não ter em atenção o ponto de partida.

A euforia com que foi recebido o empate do F.C.Porto, o destaque que foi dado aos 2 pontos recuperados pelo Benfica - é bom lembrar que o clube do regime continua a não depender apenas dele na luta pelo título... -, que dizem, está outra vez no caminho correcto, o treinador já conquistou os jogadores - Keizer que agora já é olhado de soslaio, também começou por ser a última cola-cola do deserto - encanta, é extraordinária. Ganhar ao Santa Clara, num jogo em que jogaram toda a 2ª parte contra dez, em que contaram com um Fábio Cardoso desastrado, quer no lance do golo de Seferovic, quer no lance em que foi expulso - Fábio Cardoso que tinha feito um grande jogo frente ao F.C.Porto, frente ao Benfica bloqueou. Acontece... mas pode estar tranquilo, não vai aparecer por aí nenhuma denúncia anónima, nem nenhum papa-hóstias vai jogar com as palavras para fazer insinuações rasteiras e sujas sobre a sua exibição - não devia ser motivo para grande euforia, mas é bom que eles estejam assim, cheios de entusiasmo e de papo.

No apoio à equipa, aí, ganhamos sempre...