Força Tri-Campeões!

Se ganhar ao Benfica sempre nos deu um gozo enorme, ganhar-lhes agora, depois do comportamento miserável que tiveram na história da Liga dos Campeões, saberá ainda melhor. É a forma de no local próprio - dentro do campo -, mostrarmos que somos melhores e a melhor forma, de lhes fazer pagar, por tudo aquilo que fomos obrigados a passar.
Os profissionais do F.C.Porto não podem em cada jogada, cada disputa de bola, cada finta, cada remate ou cada desarme, esquecer-se de contra quem estão a jogar, têm de ter sempre presente, que é contra um clube, que tudo fez, fora das quatro linhas, para os impedir de irem à prova mais importante da Uefa, prova para a qual, se qualificaram com toda justiça, mérito e brilhantismo.
Não temos nada contra os profissionais do Benfica, temos tudo contra quem dirige o clube!
E esses merecem perder e como lhes custa perder contra o F.C.Porto!...

Para a vitória ser possível é necessário um Porto bem melhor do que se apresentou contra o Sporting e, apesar da vitória, também contra os azuis de Belém.Tem de ser um Tri-Campeão, ao seu melhor nível, físico, técnico e, principalmente, psicológico.Tem de ser um Tri-Campeão, concentrado do primeiro ao último minuto, preparado para um ambiente difícil, para uma arbitragem que na dúvida, apitará contra nós, para um adversário mais forte que na época passada e endeusado por uma Comunicação Social facciosa e vermelha, mas, principalmente, preparado para demonstrar que é melhor, e, ali na Capital do Império, é o melhor lugar para puxar dos galões.

Neste momente decorre uma Petição Colectiva à Assembleia da República:

PELA CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE REGIONALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Eu como sou a favor da Regionalização já assinei. Quem quiser fazer o mesmo...faça favor!

Petição pela Regionalização
Assine aqui

Está na hora de inverter a tendência, mudar o rumo, ganhar!

É um dado estatístico claro: o Sporting de P.Bento, tem um saldo favorável em relação ao F.C.Porto de Jesualdo. Está pois na hora, Sr.Professor, de alterar esta situação, de mudar o rumo dos acontecimentos e começar a equilibrar as estatísticas.

Não adianta estar agora a falar do passado e das péssimas arbitragens que contribuiram para os desfechos, de alguns dos últimos jogos, entre o Porto-Sporting, mesmo sabendo que se fosse ao contrário, tinhamos choradeira e queixinhas, para muito tempo. A nossa cultura é de exigência, de sucesso e ninguém constrói um clube vencedor, passando a vida a lamentar-se e a vitimizar-se. Temos melhor equipa, melhores jogadores, é essa a nossa força e o nosso principal argumento. Não pode é haver invenções ou adaptações, que levem o F.C.Porto a abdicar dos seus princípios de jogo, em função do adversário. Foi isso que aconteceu na Supertaça e na final da Taça, apesar de Bruno Paixão e Olegário Benquerença.
Pelo que vi na pré-época, estamos preparados e como queremos começar a temporada com o pé direito...vamos a eles, como Dragões, Tri-Campeões!


O árbitro é Carlos Xistra, auxiliado por José Braga e Mário Dionísio, enquanto o quarto árbitro é André Gralha.


Convocados do F.C.Porto:

Helton e Nuno
Sapunaru, Fucile, Rolando, P.Emanuel, B.Alves, Lino e Benítez.
Fernando, Lucho, R.Meireles, Guarín e Tomás Costa.
Candeias, Lisandro, Farías, Hulk e C.Rodríguez.

Equipa provável: Helton, Sapunaru, P.Emanuel, B.Alves e Benítez, Lucho, Guarín e R.Meireles, Lisandro, Farías e C.Rodríguez.

Ficam as declarações de Lucho e Jesualdo na antevisão da partida, com Lucho a não deixar de forma clara, a certeza, da sua continuidade no F.C.Porto. Pelo menos foi essa a minha interpretação, das palavras do argentino.

Lucho sobre o jogo:
Como é que o FC Porto vai ganhar ao Sporting?
Trabalhando duro. As finais são sempre jogos difíceis, mas são para se ganhar. Vamos aproveitar os dias que ainda faltam para melhorar mais algumas coisas de forma a chegarmos lá na melhor forma possível para poder conquistar mais um título.

Admite algum favoritismo do FC Porto?
Não. É uma final, há que jogar e ganhar. Mas não podemos esquecer que o Sporting também é uma grande equipa.

Ter mais dias de trabalho do que o adversário pode ter influência?
Não sei. São jogos diferentes, há muito em jogo e oxalá possamos fazer uma boa partida.
O que têm de fazer de diferente em relação aos outros jogos a eliminar com o Sporting?
Repito, todos os jogos são diferentes. Nos anteriores ganhámos uns e perdemos outros. Claro que teremos de corrigir as coisas que fizemos mal e dar tudo dentro do campo para alterar a tendência.

O Sporting está mais ou menos forte do que na época passada?
Não sou eu quem o deve dizer. Pensamos apenas em nós. Sabemos que é uma grande equipa, mas estamos concentrados apenas em melhorar o nosso funcionamento como equipa e nada mais.

A primeira parte do jogo com a Lázio já demonstrou o que é este FC Porto?
Creio que sim, mas não foi apenas aí. Chegaram vários jogadores novos e tivemos de os integrar, mas nos jogos realizados durante o estágio na Alemanha também já mostrámos o nosso valor.

Sente alguma motivação especial para este jogo? É a sua primeira Supertaça…
É sempre especial jogar uma final. Desde que cheguei, por diferentes motivos, nunca tive a possibilidade de jogar uma Supertaça. Espero desfrutar muito e ganhar.

Qual é o segredo para estar em tão boa forma?
Não há segredo. Trabalho para poder jogar e estar bem. O facto de ter iniciado ao mesmo tempo dos outros ajudou. É a primeira vez que isso acontece e sinto-me bem.

Lucho sobre a saída:

«Não é o momento para falar em saída. Os dirigentes do F.C.Porto já sabem qual é o meu pensamento e eu o deles, mas para já o que eu quero é treinar e chegar bem à partida de sábado»
Esta foi a frase de Lucho que me deixou preocupado. Dá a ideia que ainda pode haver qualquer coisa. Gostava que " El Comandante " tivesse sido peremptório e dissesse que ia ficar.

Jesualdo Ferreira:

Quaresma vai marcar presença na Supertaça?
Não tenho por norma divulgar quem vai jogar e não é hoje que vou fazê-lo. Aguardem pela convocatória de amanhã.

A indefinição em torno da situação de Quaresma dificultou a pré-temporada da equipa?
Não. O Quaresma já tem quatro anos de F.C. Porto, dois deles comigo, conhece todas as estruturas e rotinas do grupo e no dia em que for escolhido terá todas as condições para participar no jogo colectivo da equipa. Logo, a estrutura e o trabalho diário não saem minimamente prejudicados.

Pela forma como decorreu a pré-temporada, acredita que, mesmo sem Quaresma, a equipa pode chegar à Supertaça e mandar no jogo?
O que fomos observando nos jogos de preparação deu-nos indicações para fazermos pontualmente alterações e, mais importante do que isso, permitiu-nos integrar os jogadores novos. Chegaram mais jogadores esta época do que na anterior e a nossa preocupação maior foi integrá-los o mais rapidamente possível, não só do ponto de vista social, mas também desportivo. Neste momento, entendo que a equipa fez uma evolução rápida (até parece que nem sequer perdemos jogadores), mas ainda não é totalmente segura. Nem poderia ser.

Sporting é uma equipa que está atravessada na garganta do F.C. Porto?
O Sporting ganhou a Supertaça e a Taça de Portugal ao F.C. Porto e o F.C. Porto ganhou o campeonato com 20 pontos de avanço. Houve uma divisão de troféus, mas isso já faz parte da época passada. No presente, vamos ver. Fomos sempre superiores às equipas que defrontámos na pré-temporada e agora vamos ver como nos comportamos frente à primeira equipa portuguesa contra a qual vamos jogar esta época.

Que leitura faz da equipa deste ano do Sporting?
Entre os que se assumem como principais candidatos ao título, foi provavelmente a que sofreu menos alterações. Além disso, reforçou-se com jogadores que já conhece, pelo que me parece estar mais forte do que na época anterior.

E o F.C. Porto, também está mais forte?
Sim, claramente mais forte. Está mais forte porque os jogadores são mais maduros, mais confiantes, mais seguros, mais dinâmicos, mais evoluídos tacticamente, ganharam maior habituação aos processos e às vitórias e, por tudo isto, são muito mais adultos e competentes. Na temporada transacta, houve uma evolução clara de muitos jogadores (o Bruno Alves e o Raul Meireles estrearam-se na Selecção; o Quaresma passou a ser chamado mais vezes; o Lisandro foi o melhor marcador da Liga; o Lucho transformou-se num jogador de todo o campo) e isso permitiu que a estrutura ficasse mais forte e mais estável e que este ano absorvesse com maior tranquilidade e segurança os novos jogadores.

O F.C. Porto é favorito para este jogo?
As finais são para se ganharem e estou convencido de que o Sporting quererá ganhar a Supertaça tanto como o F.C. Porto, pelo que não me parece fazer sentido falar em favoritos.

O facto de na época passada o F.C. Porto ter perdido as duas finais que disputou frente ao Sporting dá maior motivação à equipa?
Os jogadores têm consciência do que se passou e, mais do que ninguém, sentiram isso na pele. Faz parte da estratégia do F.C. Porto aproveitar todas as coisas positivas para motivar o grupo de trabalho e iremos aproveitá-las certamente para sermos mais fortes no jogo de sábado.

Disse que o Sporting está mais forte do que na época passada. E o Benfica, também está mais forte?
Pelo que vi, parece-me que sim.

Tendo em conta que os adversários directos do F.C. Porto estão, na sua opinião, mais fortes, pensa que vai ser mais difícil terminar o campeonato desta época com 20 pontos de avanço, como aconteceu na anterior?
Essa questão nem sequer se coloca para nós. Sabemos que fizemos um Tricampeonato sem discussão e, porque somos Tricampeões, partimos naturalmente como favoritos. O nosso objectivo é vestir o fato de Campeão até ao fim; se o vamos fazer com 20 pontos de avanço ou não, é secundário.

A escolha do Estádio do Algarve para receber a Supertaça parece-lhe uma boa opção ou teme algum afastamento dos adeptos?
Não temo o afastamento dos adeptos, pelo contrário. Aliás, antes de mais, deixe-me felicitar os adeptos do F.C. Porto, que estiveram em grande número no Estádio do Dragão, quer no jogo de apresentação (42 mil pessoas), quer no jogo contra a Lázio (37 mil pessoas). Em relação ao jogo da Supertaça, já temos oito mil bilhetes vendidos e, por isso, fica desde já o meu agradecimento e de todos à massa associativa do F.C. Porto. Fundamentalmente, o que queremos é encontrar o estádio cheio de Portistas e, como tal, o convite que fica é que comprem os 1.200 bilhetes que faltam vender.

Ao ler na Revista Dragões, do mês de Julho, as " Estórias da nossa História " da autoria de Luís César, resolvi - depois de obter a sua autorização - publicar a " historieta " - é assim que lhe chama o autor -, para mostrar a evolução dos palcos, onde se tem construído o riquíssimo historial do Grande F.C.Porto.

O meu obrigado ao Luís César pela prosa e por ter permitido a sua publicação, assim como à Revista Dragões.




Pensei chamar à “historieta” de hoje “Da Rua Antero de Quental…à Alameda das Antas” ou, então, “Do Ovo de Codorniz…ao Ovo de Avestruz “. Um, o primeiro, certamente mais apelativo para uma prova de pedestrianismo, situaria “ponto-a-ponto” a localização do primeiro campo de futebol do FC Porto (Campo da Rainha) e do actual (Estádio do Dragão). O outro, talvez mais consentâneo com um tratado de ornitologia, traduziria a diferença entre um campinho e um grande estádio, embora com um denominador comum – palcos de sensações imperecíveis!
Não me decidi, como se verifica, por nenhum destes títulos. Fui directo ao assunto e, tratando-se de evocar as “salas de visitas” do nosso clube, optei pelos seus verdadeiros nomes de baptismo.
Compreenderá, quem tiver a pachorra de me ler, que pelo espaço (que não abunda) deixamos para capítulo único o Estádio das Antas e, por ser uma obra recente, emblemática, que todos conhecem (velhos e novos, adultos e crianças, famílias inteiras da cor ou da concorrência seguiram, de água na boca, passo a passo, o seu nascimento), a evocação do Estádio do Dragão far-se-á apenas aqui, como ponto de chegada, de um longo calcorrear por entre poeira e relva.
É nessa obra magnífica, bela, simultaneamente doce e arrebatadora, projectada pelo Arquitecto Manuel Salgado que irá desaguar o caudal evocativo que tendo a sua nascente no Campo da Rainha alimentou dramas e glorias, desilusões e sonhos, assobios e palmas, no Campo da Constituição (futuro Parque Vitalis) e no Estádio do FC Porto (Estádio das Antas, comos todos gostávamos de lhe chamar). Evocar, pois o passado (Campos da Rainha e da Constituição) recordando-os aos presentes, é a nossa proposta de hoje.

Campo da Rainha

O “campinho caixa de fósforos” da Rua da Rainha, começou por ser “o grande palco das emoções” do Grupo do Destino fundado por José Monteiro da Costa, um grande folião, carregado de humor e boa disposição, virado para as coisas boas da vida, tudo bons “garfos” e bons “copos”, amantes indefectíveis de valentes patuscadas, mas que de futebol apenas sabiam que se jogava com uma coisinha redondinha chamada bola, que tinha de ser maltratada mesmo que à biqueirada porque a finalidade era o “goal” gritado apenas quando ela, rasteirinha ou pelo ar, transpunha uma linha traçada entre dois paus ao alto a que, pomposamente, se chamava baliza !
Naquele “estúdio T0” (50x30 mts) deram os rapazes do Grupo do Destino (quase todos equipados à arsenal ) o primeiro “show” de apresentação e demonstração do “association” frente ao Boavista Footballers, formado por empregados da já extinta Fábrica Graham.
A história da construção do Campo da Rainha é curiosa e vale a pena ser contada porque, já com novo inquilino (FC Porto), passou de “estúdio” a “duplex”.
Na (então) Rua da Rainha (com a implementação da República passou a chamar-se Rua Antero de Quental ) existiam uns terrenos alugados à Companhia Hortícola Portuense para viveiro de plantas.
José Monteiro da Costa, homem sagaz, de olho vivo e que vivia nas traseiras daqueles terrenos, sabia existir um talhão deixado “ao Deus dará” que muito jeito faria ao seu Grupo Destino se lhe fosse cedido. Bem vistas as coisas, dava para construir um “parque de jogos” e ainda se podia aproveitar um “casinhoto”, depois de restaurado, para “pomposos” balneários.
Se bem pensou, melhor o fez. Apresentou a petição e, na hora, recebeu luz verde. Estava o problema resolvido.
A exiguidade do espaço, como já dissemos, não constituía problema. Era tudo malta fixe e aqueles 50x30 mts eram medida justa para matar o vício do chuto na bola.
Porém, com a extinção do Grupo Destino e o aparecimento, em seu lugar, do ambicioso Futebol Club do Porto já aquele espaço para pouco servia.
Acontece, então, um lance de pura sorte. A Companhia Hortícola Portuense transferiu os seus viveiros para outras paragens e ficou ali, à mão de semear, um euro milhões com “jackpot” – um espaço enorme, sem utilidade imediata.
Mais uma vez José Monteiro da Costa entrou em acção conseguindo que todo o terreno fosse alugado ao FC Porto por 1.200 reis ao ano e que logo se fizessem obras.
Pergunta-se: como era a fisionomia deste primeiro complexo desportivo dos azuis e brancos ?
A resposta é-nos dada numa descrição de Luis Canto Moniz (criador em 1923-1924 da Escola de Natação do FC Porto) publicado num “Boletim” do clube e feita nestes termos: “Ao lado direito da entrada ficava um amplo vestiário (cheio de ar e luz) e dois armários numerados e destinados aos jogadores.
Pago o seu aluguer (era de 1$20 anuais) os arrendatários logo trataram de os equipar com todos os artigos necessários a uma boa “toilette” não esquecendo…cruzetas para pendurar a roupa e até um banquinho e tapetes para os pés.
A seguir a este vestiário existia um balneário com três chuveiros e dois grandes lavatórios em pedra mármore.”
No lado esquerdo ficava a divisão dos “comes” e “bebes” – “um bufete, estilo bar, com balcão e diversas mesas e cadeiras. Por baixo do vestiário e ao lado esquerdo do bufete havia dependências para arrecadações.”
E, quanto a estruturas de apoio , era tudo. A descrição da jóia da coroa – os recintos de jogo – vem logo de seguida.
“Em frente das dependências para arrecadações um amplo terreno cercado de arbustos e convenientemente ensaibrado destinava-se aos jogos de “cricket” modalidade muito em voga nesse tempo.
Descendo para o lado esquerdo, aproveitou-se outro terreno com grandes árvores e, na parte sul, construiu-se um ginásio onde havia paralelas, barras fixas, pesos, halteres, traves fixas, argolas e trapézios.”
Referindo-se, em detalhe, ao espaço para a pratica do futebol diz-nos, Canto Moniz, que: “onde era o campo do extinto Grupo Destino existia um esplêndido “court de ténis e ainda, paralelo a este, um relvado para atletismo com caixa de saltos ( em comprimento e altura), lançamento de peso, etc, sendo os postes de saltos em altura e à vara, em ferro e fixos ao solo.”
Ao sul ficava o terreno destinado à prática de futebol (relvado). Monteiro da Costa vira em Inglaterra os estádios com relva e não lhe passava pela cabeça voltar a jogar em pelados.
“Um nível superior aos rectângulos de jogo (medidas máximas) e no máximo do comprimento, dos dois lados, uma fila de bancos assentos em tijolos pintados de branco (era a bancada !) que acomodava cerca de 500 a 600 pessoas e, do lado nascente existia espaço para a construção de uma ampla bancada que não se fez por não o justificar a concorrência do publico.
Ao centro do terreno, porem, do lado poente, erguia-se uma tribuna majestosa destinada aos convidados de honra.”
É que de tudo quanto era desporto na época (desde a luta de tracção à corda até habilidades de bicicletas e de…jericos ! )se realizaram ali festivais “abrilhantados pela presença das mais distintas famílias da Cidade Invicta.”
O campo da Rainha, assim vestido com novas roupagens, viria a ficar “ad eternum” ligado à história do Futebol Clube do Porto e do próprio futebol português – foi nele que teve lugar o primeiro encontro internacional de futebol disputado em Portugal.
A 15 de Dezembro de 1907 o Futebol Clube do Porto com Dumont Villares, Brugmann, Romualdo Torres, Ernesto Sá, Soares (guarda-redes), António Pinheiro, Raws, Antunes Lemos, John Jones, Catullo Gadda e Edward Almeida defrontou os espanhóis do Real Fortuna de Vigo. Resultado final ? não há registo que se consiga encontrar na poeira dos arquivos…

Campo da Constituição

À medida que o Futebol Clube do Porto crescia (social e desportivamente), cada vez mais acanhadas se tornavam as instalações da Rua da Rainha rompendo, amiúde, pelas costuras.
Urgia, pois, encontrar (outro) terreno para mais funcionais e amplas instalações.
Também, desta vez, o FC Porto e a sorte andaram de braço dado. Não muito longe, a um saltinho de pardal, na Rua da Constituição, havia um terreno (desocupado) que dava bem para o que se pretendia – construir um campo de “top” e, de “top” também, bons “courts” de ténis, modalidade de elite da época que consagrou Fernando Vale como o melhor tenista do norte do país.
Estávamos em 1912 e a “era”da Rainha estava a dar os últimos suspiros.
A Direcção do Clube reuniu a 29 de Julho e, da reunião, saiu fumo branco – alugue-se o terreno !
Ajustada a renda nos 350.00/ano (mais tostão menos tostão eram 30.00/mês ) o FC Porto reuniu os “tarecos” e mudou-se para um “condomínio de luxo”.
Ora, como quem quer luxos paga-os, o valor do aluguer não estabilizou por muito tempo. Seis nãos volvidos (1918) houve um aumento de renda e um novo contrato ( assinado a 19 de Agosto de 1919) de longa duração – o aluguer passaria a ser por 10 anos com os primeiros cinco a valerem 400.00/ano e os cinco finais (para fazer face à inflação ) a 450.00/ano.
Como estas verbas já eram consideradas, na época, “grossa maquia” havia que rentabilizar o espaço. Dado que o Salgueiros, Vilanovense e Sporting Espinho, não tinham campo próprio o ideal era alugar-lhes o espaço, e indicarem o Campo da Constituição para os jogos em casa.
Aceite a sugestão elaborou-se uma tabela de aluguer mediante a qual “ os utentes ocasionais” do Campo da Constituição ficavam obrigados a pagar uma taxa fixa de
20.00 (por um dia ou grande parte dele de utilização) ou de 30.00 (por dois dias, ou grande parte deles) .
Além deste preço base (era o mínimo) o Futebol Clube do Porto cobrava uma percentagem sobre a receita bruta de qualquer actividade realizada com entradas pagas.
Os sócios, esses, tinham entrada livre no recinto e o “imposto de selo que correspondesse às suas entradas deveria ser abonado pelo concessionário.”
Falta dizer que o empregado permanente recebia o ordenado mensal de …3$60 !
Do nada nasceu, assim, um recinto amplo, arejado e funcional. Um verdadeiro “ex-libris” da época considerado o melhor campo do Norte embora, a princípio, despido de bancadas. Bilhetes…só de peão !
Esta comodidade só seria realidade uns dez anos depois quando o clube recebeu uma indemnização milionária – vinte mil escudos (20 contos!).
Foi esta a verba de que os proprietários da Quinta das Oliveiras tiveram de abrir mão por, na hora de porem o “azul no branco”, darem o dito por não dito e quebrado certos compromissos assumidos com o FC Porto quando o clube decidira comprar a Quinta para ampliar as instalações. Durante quase meio século o Campo da Constituição foi palco de encontros inolvidáveis. Por lá passaram o Celta de Vigo, o Real Madrid, o Múrcia, o Corunha, o Vasos (entre outros) sempre com muitas histórias para contar.
Em 14 de Setembro de 1933 lançava-se a primeira pedra (oratória) para a construção de um verdadeiro Estádio (coisa para levar umas 50 mil pessoas !). A 19 de Agosto de 1937 em Assembleia Geral discutia-se o plano financeiro para o arranque da obra. Em 8 de Fevereiro de 1948 assinava-se a escritura da compra de terrenos (uma área de 48.000 metros quadrados pertencentes à antiga Quinta do Salgueiral passou para o FC Porto a troco de 1400 contos). Finalmente, a 28 de Maio de 1952 inaugurava-se o Estádio das Antas.
A Constituição assistia a tudo altaneira e orgulhosa. Recusava-se a morrer e o FC Porto nunca a desligou da máquina, não abdicando de um espaço de tão grande nobreza.
Anos a fio foi “berço dos mais jovens talentos futebolísticos “ e assistiu, no seu primitivo ringue de cimento a grandes duelo de hóquei em patins, voleibol, andebol e basquetebol, tudo modalidades da casa sempre cheia.
Uma nova Constituição está a chegar. Aconselhamos o leitor a (re)ler na edição de Dezembro de 2007 da nossa Dragões como ela vai ser e como ela vai ficar (uma obra emblemática do Projecto Visão 611) orgulhosa do seu passado e que agora retomará, na plenitude, o seu papel primordial de tantos anos – servir o “futebol de formação e as escolas de futebol Dragon Force, ou seja, servir a juventude.
Seguindo a máxima de que na vida “nada se perde, tudo se transforma” a velhinha Constituição de piso poeirento e bancadas de madeira, vai transformar-se numa moderna Constituição em sintonia com a renovação generalizada do património FC Porto, agradecem os atletas, os técnicos, os dirigentes e sobretudo a massa associativa.

Luís César