domingo, 29 de novembro de 2015
Treinadores atacados externamente, muitas vezes com ataques soezes e constantemente contestados internamente, sempre sobre enorme pressão, tomam decisões que se tornam de difícil compreensão; jogadores sem confiança, intranquilos, jogam muito abaixo das suas possibilidades, parecem piores, muito piores do que são na realidade; exibições demasiadas vezes abaixo do que se exige a uma equipa do F.C.Porto. Tem sido esta a rotina que consome a paciência dos portistas de há três anos a esta parte, embora pudesse recuar mais no tempo. Vítor Pereira, bicampeão e com apenas uma derrota em duas épocas, foi maltratado; Paulo Fonseca trucidado; Julen Lopetegui está a ser arrasado. Conheço muito bem o história do F.C.Porto e isso permite-me dizer que nunca foi fácil treinar os Dragões, mas nos últimos anos tem sido demais. Estamos numa fase que nenhum treinador serve, os jogadores são todos fracos, sem atitude, sem mística, de profissionalismo duvidoso. No entanto, quem escolhe jogadores e treinadores e depois não lhes dá o apoio necessário, mesmo quando lhes dá todo o poder e condições, como acontece com o actual técnico - Lopetegui tem aquilo que nunca nenhum treinador teve nestes mais de 30 anos de consulado de Pinto da Costa à frente do F.C.Porto, clube e agora clube mais SAD - esses passam pelos pingos da chuva, não têm responsabilidades nestes tempos de instabilidade semanal. O silêncio não mata, mas mói, quando não se ataca o problema a montante, se deixa quase sempre os treinadores sozinhos, a jusante eles aproveitam, minam, envenenam, tornam a vida difícil, a contestação torna-se insustentável, não há treinador que resista. Assim, se um treinador faz arte da solução, se a avaliação que se faz ao seu trabalho é positiva, esse treinador tem de ter um respaldo de quem manda no clube, não pode ser abandonado à sua sorte, tomar posições e encabeçar lutas que não lhe dizem respeito, só servem para o desgastar e fragilizar. Mas se esse treinador já só faz parte do problema, então haja coragem para tomar decisões, mesmo que elas sejam drásticas. Não podemos nem devemos é continuar a fazer de conta que não se passa nada, a permitir, pelo silêncio, que este clima negativo que corrói e faz com que casa onde não há pão, todos ralhem e ninguém tenha razão, continue. Sim, porque no limite esse silêncio até pode ser encarado como cumplicidade com os ataques e a contestação. Não podem ser sempre os treinadores os bodes expiatórios de todos os males que afectam o futebol dos Dragões.
O F.C.Porto ainda está em condições de conseguir todos os objectivos da época. Mas não tenho dúvidas, só os conseguirá se voltar a ser aquilo que sempre foi: um clube com garra, com alma, com espírito de luta e de combate e isso começa no principal responsável pelo clube e SAD e depois atravessa e contagia transversalmente todos os que gostam dos Dragões, sejam eles profissionais, sócios ou adeptos. Se Jorge Nuno Pinto da Costa, por quem tenho respeito, consideração, gratidão portista e principalmente memória pela obra notável, sempre foi a cara e a voz do F.C.Porto, sempre foi o Líder que deu o peito às balas, já não quer ou não pode e agora nem nos locais próprios responde a questões, mesmo as mais pertinentes, então que crie condições para aparecer alguém capaz de fazer isso. Como disse em Março do ano passado, ...é tempo do nº 2 do F.C.Porto deixar de ser o João Pinto...
Nota final:
Ontem o carniceiro de Vila Verde expulsou o treinador do F.C.Porto. Porquê? Por nada de grave. Mas foi, e a questão que se coloca é apenas uma: vai o F.C.Porto ficar calado e quieto?
PS - Apoiar, sempre, não tenho feito outra coisa, aqui, no estádio, ultimamente, menos, quase nada, no pavilhão. Mas apoiar sempre e ver coisas que não têm nada a ver com aquilo que nos distinguia e mobilizava, cansa, desgasta, faz colocar a questão: vale a pena? No F.C.Porto, actualmente, aconteça o que acontecer, não se passa nada, ninguém tem uma palavra, ninguém explica nada.